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Ajuda humanitária a contrarrelógio e a invasão iminente: a realidade em Gaza

Às 22 horas de Lisboa desta sexta-feira terminou o prazo dado pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para os civis abandonarem a Faixa de Gaza. Estamos perante uma incursão iminente?

Miguel Franco de Andrade

Sofia Arêde

Daniela Tomé

Ao fim de quase uma semana, desde o início dos bombardeamentos, a devastação que atinge Gaza não tem precedentes. Entre as quase 1800 pessoas mortas pelos bombardeamentos das forças israelitas, mais de 500 são crianças e pelo menos 23 são funcionários das Nações Unidas.

O bloqueio que o Governo israelita impôs ditou o corte de abastecimento de energia do principal hospital de Gaza, o hospital Al-Shifa.

Cinquenta bebés prematuros, tal como dezenas de doentes internados nos cuidados intensivos, estão ligados à vida por geradores que dependem de combustível, que também está a dias de terminar.

"No entanto, estas funções vitais também serão interrompidas dentro de alguns dias à medida que as reservas de combustível se esgotarem, o que teria um impacto devastador nos pacientes mais vulneráveis, incluindo os feridos que necessitam de cirurgia, os pacientes em cuidados intensivos e os recém-nascidos em incubadoras", destaca a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O bloqueio energético impede também o abastecimento de água e a entrada de alimentos, de medicamentos e de ajuda humanitária.

A ajuda é também urgente nos hospitais, onde enfermeiros, socorristas, médicos, auxiliares e voluntários exaustos não conseguem acudir os feridos que chegam de forma continua.

As organizações humanitárias, com condições cada vez mais precárias, temem que muitos feridos não sobrevivam nos próximos dias, sobretudo se tiverem de ser retirados, como exige o ultimato dado por Israel.

Invasão: contagem decrescente

24 horas foi o prazo dado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para que mais de um milhão de pessoas abandonassem a parte norte da faixa de Gaza. Este prazo foi dado pelas tropas israelitas apesar do aviso das Nações Unidas, de que “é impossível deslocar tanta gente em tão curto espaço de tempo”.

A promessa do primeiro-ministro de Israel de que “tudo ainda está início” acontece no dia em que, às 22 horas (de Lisboa), termina a ordem de evacuação de Gaza dada pelo exército israelita.

Várias agências das Nações Unidas vieram, prontamente, avisar que uma evacuação desta escala em tão curto espaço de tempo é impossível, sobretudo tendo em conta a quantidade de feridos nos hospitais, que já atingiram os 6300 doentes.

Junto à fronteira com Gaza, onde as forças militares israelitas estão concentradas, a ofensiva terrestre pode começar a qualquer momento.

Ataques no enclave de Gaza

O exército israelita avisou que nas ultimas 24 horas já fez incursões terrestres no enclave de Gaza.

Num ataque das forças israelitas esta sexta-feira ao sul do Líbano, pelo menos um jornalista da agência Reuters foi morto e outros seis jornalistas, da estação de televisão Al Jazeera e da AFP, ficaram feridos.

Segundo as autoridades libanesas os ataques israelitas visavam atingir um posto de fronteira numa suspeita de incursão através do Líbano.

Nos últimos dias, a zona de atividade das milícias do Hezbollah, apoiadas pelo Irão e que ameaçam vir em socorro do hamas, .tem sido foco de tensão crescente

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