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Invasão de Gaza "tem tudo para ser uma carnificina"

A poucas horas do fim da ordem de retirada de um 1,1 milhões de civis do norte da Faixa de Gaza, José Milhazes e Pedro Cordeiro discutem quais as principais consequências deste conflito. Prazo para retirada termina às 22 horas de Lisboa.

José Milhazes

Pedro Cordeiro

Daniela Tomé

Em análise da antena da SIC Notícias, o editor da secção de Internacional do Expresso, Pedro Cordeiro, e o comentador José Milhazes discutem os principais tópicos sobre a guerra entre Israel e o Hamas, frisando que os "civis serão as principais vítimas" deste conflito.

Segundo José Milhazes, “Se for feito um inquérito a sério em Israel, e eles costumam fazê-los, depois deste terrível ataque terrorista, eu penso que Netanyahu poderá mesmo ir para a prisão”.

Vladimir Putin intermediário de guerra?

“Isto seria a brincar se não fosse tão mau. Isto é tenebroso”, afirma José Milhazes sobre os comentários de Vladimir Putin proferiu esta sexta-feira, em que afirmou que “a morte de civis é inaceitável”.

Sobre a necessidade de intermediação no conflito de Israel, Milhazes considera que “Agora nem o Hamas nem Israel querem que este senhor possa vir a ser o intermediário nas conversações”.

“O Hamas também dá a entender que quer que o intermediário sejam os Estados Unidos”, acrescenta.

“Civis serão as principais vítimas”

Segundo o editor da secção de Internacional do Expresso “civis e inocentes vão ser as principais vítimas do que se prevê que se passe em Gaza nos próximos dias”.

Nesta invasão terrestre da Faixa de Gaza, para a qual já estão mobilizados 300 mil reservistas, “uma invasão de terrestre para encontrar, ou para dizimar, umas dezenas de milhares de membros do Hamas, num população de dois milhões que vive concentrada numa área do tamanho do concelho de Vila Franca de Xira, é assim uma operação por um lado de agulha no palheiro, mas por outro lado o palheiro está minado”.

“Prevê-se uma luta duríssima, brutal, casa a casa, rua a rua, em que os civis não vão de maneira nenhuma poder ser postos a salvo”, afirma.

Relativamente aos corredores humanitários criados para fazer chegar comida, água e medicação, Pedro Cordeiro louva os esforços diplomáticos, "que também começam a ser de difícil aplicação”.

Invasão terrestre: contagem decrescente

O editor da secção de Internacional do Expresso crê que esta invasão terrestre de Gaza “passe por informação muito trabalhada dos serviços secretas israelitas, que ajude a detetar os sítios onde é provável encontrarem-se os dirigentes, militantes, membros e terroristas do Hamas”.

Explica ainda que este processo torna-se mais complexo, tendo em conta que “estamos a fazer de um local onde vivem dois milhões de pessoas muito concentradas”.

“Tem tudo para ser uma carnificina”, atesta.

Para José Milhazes, as baixas militares de soldados israelitas poderão ser maiores do que o expectável, tendo em conta que o território densamente povoado não vai permitir “usar tanques como se estivessem a céu aberto”.

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