Economia

Subida de juros: “Se não a fizessem agora, fá-la-iam na próxima reunião"

José Gomes Ferreira analisa a subida dos juros de referência, anunciados esta quinta-feira pelo Banco Central Europeu. O jornalista acredita que as taxas vão "moderar-se" até ao final do ano.

José Gomes Ferreira

SIC Notícias

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, esta quinta-feira, um novo aumento de 25 pontos base nas taxas de juro de referência. José Gomes Ferreira considera este aumento “previsível” e explica que se trata de um mecanismo para travar a inflação na zona euros.

“Se não a fizessem agora, fá-la-iam mais tarde na próxima reunião. Porque a pressão inflacionista na Europa, ainda está muito acima do objetivo do Banco Central Europeu”, esclarece o jornalista em análise no Primeiro Jornal.

José Gomes Ferreira sublinha que a inflação registada em agosto, na zona euro, subiu 5,3% comparando com o período homólogo. Nos últimos 12 meses, o valor da inflação ronda os 7%.

“Isto é, mais de três vezes acima do que é o indicador que o BCE quer como objetivo, que são os 2%”, lembra.

O jornalista acredita que, a partir daqui, a taxa principal – usada pelo BCE para emprestar dinheiro aos bancos e que influencia a Euribor a três, seis e 12 meses – deverá “moderar-se”. Atualmente, esta taxa está nos 5%, mas muitos analistas acreditam que “não deverá nunca ultrapassar os 5,5%”.

“Quanto muito subirá, até ao fim do ano, mais 0,25”, acrescenta José Gomes Ferreira.

Em Portugal, a maioria dos créditos à habitação foram contratualizados com taxa variável, ou seja, que depende do valor na Euribor. Este facto poderá estar relacionado com uma tentativa de “aproveitamento do baixo ciclo das taxas de juro que durou muitos anos”.

“O BCE decide e decide para todos. É um instrumento grosseiro, apanhamos por tabela. Em relação às famílias, estamos todos à espera que o Governo diga alguma coisa”, prossegue, identificando, como exemplo, a possibilidade de “bonificação de juros” e de “dedução de parte dos juros em IRS”.

No entanto, José Gomes Ferreira lembra que não só as famílias que estão a ser afetadas pelos juros. Também as pequenas e médias empresas estão a ser afetadas pela subida do custo do dinheiro, principalmente as que pediram empréstimos durante a pandemia.

“Durante a pandemia, muitas pequenas e médias empresas foram buscar dinheiro emprestado no âmbito dos apoios covid-19 e agora estão com taxas de juro incomportáveis. Há muitas pequenas e médias empresas que também estão a precisar de ajuda, tal como as famílias que deverão ter instrumentos mais fortes para poder fazer face a esta realidade.”

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