Uma curta-metragem? Porque não?… Aliás, importa sublinhar que, depois das salas de cinema, também as plataformas de streaming têm sabido superar uma antiga resistência à passagem de filmes “pequenos”, na certeza de que a pluralidade criativa das imagens em movimento não precisa de ser arrumada em compartimentos estanques — e também que há espectadores disponíveis para todos os formatos.
Esta intitula-se “Piper” e valeu ao seu estúdio produtor, Pixar, o Óscar de melhor curta-metragem referente à produção de 2016 — é uma das muitas estatuetas douradas já ganhas pela Pixar. O título identifica um minúsculo passarinho que vive junto à praia. O seu nome, Piper, funciona também como uma abreviatura da sua estirpe, “sandpiper”, à letra “Piper-da-areia” (conhecido entre nós como pilrito-das-praias).
Na sua realmente curta duração, o filme conta, afinal, uma história, suavemente dramática, muito divertida, daquela que é a primeira grande aventura de Piper. Ou seja: arriscar sair do ninho, caminhar pelo areal e chegar à água… para tentar encontrar alimento.
Realizado por Alan Barillaro, também autor do argumento, este é um exemplo perfeito da excelência técnica e da riqueza narrativa de muitos títulos do seu estúdio produtor. É bem verdade que algumas produções mais recentes da Pixar nem sempre têm correspondido ao padrão de qualidades consolidado a partir de “Toy Story” (1995), a primeira longa-metragem totalmente digital na história do cinema. Seja como for, o estúdio continua a funcionar como uma entidade eminentemente criativa, sempre à procura de registos que, além do mais, tentam quebrar a fronteira tradicional entre contos infantis e histórias visando um público adulto — “Piper” é um belo exemplo da sua estratégia.