Saúde e Bem-estar

Três em quatro universitários do Porto sente declínio no bem-estar psicológico

Os principais motivos para o declínio no bem-estar psicológico são a “pressão no desempenho académico” e as dificuldades financeiras para frequentar o ensino superior. Mais de metade dos inquiridos disse não ter, nem nunca ter tido, acompanhamento psicológico.

Lusa

Três em cada quatro estudantes universitários do Porto sentiu um declínio significativo no bem-estar psicológico no início deste ano letivo e mais de metade não tem apoio psicológico, conclui um inquérito da Federação Académica do Porto (FAP).

O inquérito "Perspetivas sobre a Saúde Mental na Academia do Porto", realizado pela FAP, no âmbito do Dia Internacional da Saúde Mental, e realizado entre 1 e 9 de outubro, a 833 estudantes de instituições de ensino superior do Porto, revela que 54% dos inquiridos elege como principal motivo para o declínio no bem-estar psicológico a "pressão no desempenho académico".

Questionados sobre se sentiram um declínio significativo no bem-estar psicológico, “três em cada quatro estudantes responderam afirmativamente” e “mais de metade (54%) dos inquiridos disse não ter, nem nunca ter tido, acompanhamento psicológico durante os últimos dois anos letivos”.

O aumento do custo de vida e as dificuldades financeiras para frequentar o ensino superior surgem também em evidência no declínio do bem-estar psicológico e é principal motivo selecionado por 17% dos estudantes inquiridos.

14% dos inquiridos atribuem o principal motivo do declínio na saúde mental aos desafios de integração na instituições de ensino superior e os restantes fatores para a sintomatologia relacionam-se com "perspetivas profissionais e salariais", lê-se no documento a que a Lusa teve acesso.

Numa escala de 1 a 5, em que 1 significa "nada" e 5 corresponde a "muito", um terço dos estudantes (33%) admitiu sentir-se "muito ansioso" ao longo do último ano, número que ascende a 57% se considerados os alunos que referiram sentir-se ansiosos.

Cerca de 40% dos estudantes disse sentir desmotivação e 42% afirmou dificuldades de concentração.

Em relação com estes dados, 43% dos inquiridos reportam registar alterações do sono e pelo menos 31% admitem alterações do apetite.

Quanto à capacidade de resposta por parte das instituições de ensino superior, dos estudantes que procuraram apoio psicológico, apenas 15% disse ter recorrido às respostas disponibilizadas pelas instituições de ensino, mas mais de metade (52%), admitiu que as respostas existentes nas instituições de ensino superior não são suficientes.

A FAP diz-se preocupada com a falta de respostas, bem como com o atraso na implementação do plano para a saúde mental no Ensino Superior. A presidente da FAP, Ana Gabriela Cabilhas, alerta que "o plano para a saúde mental no Ensino Superior ainda não saiu do papel".

"Um mês após o arranque de um novo ano letivo, a FAP alerta que é urgente que o plano venha para o terreno. Os dados que apurámos através do inquérito são preocupantes e os estudantes não podem continuar à espera mais um ano letivo", observou Gabriela Cabilhas.

Entre os estudantes que procuraram apoio psicológico fora das instituições de ensino superior, 43% consideram que o custo é "dispendioso" e 11% dos inquiridos não continuou a receber apoio por "incapacidade em suportar a despesa".

A distribuição dos inquiridos por sistema de ensino corresponde a 77% de inscritos em instituições públicas e 23% a frequentarem o ensino superior particular ou cooperativo.

Dos inquiridos, 80% são estudantes de 1.º ciclo, 18% estão no 2.º ciclo, 0,7% no terceiro e 1,3% frequentam Cursos Técnicos Superiores Profissionais.

A transição para o Ensino Superior envolve mudanças significativas na vida dos estudantes. "Este inquérito apresenta um conjunto de dados preocupantes, que justificam a atenção do Governo", reiterou a presidente da FAP.

Esta terça-feira, 10 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental.

Últimas