Acidente no Elevador da Glória

"Há uma coisa que, para mim, é muito estranha: é o facto de o elevador ter descido completamente descontrolado"

Vários especialistas apontam o rompimento do cabo de aço como possível causa do acidente no Elevador da Glória, mas o especialista em dinâmica ferroviária, Jorge Ambrósio, alerta que ainda é necessário aguardar pelos resultados finais da investigação do GPIAAF, prevista para cerca de 45 dias. Estranha a descida descontrolada do veículo, sublinhando a importância dos sistemas automáticos de travagem para mitigar acidentes desta natureza.

Mariana Jerónimo

Vários especialistas defendem a teoria de que a causa do acidente no Elevador da Glória está relacionada com o rompimento do cabo de aço que liga e sustenta os dois ascensores, sendo este um dos principais focos da investigação em curso.

No entanto, em entrevista à SIC Notícias, Jorge Ambrósio não partilha da mesma opinião e defende que, neste momento, enquanto as investigações ainda estão a decorrer, nada pode ser garantido, sendo necessário aguardar pelos resultados finais.

"A única coisa que é clara para mim é que temos de esperar pelos resultados do inquérito da competência do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF)."

O especialista em dinâmica ferroviária explica que este tipo de investigações demora algum tempo devido à sua complexidade, e que o prazo previsto, cerca de 45 dias após o acidente, é ambicioso, uma vez que a entidade dispõe de um número reduzido de profissionais.

"Ao recolher os indícios, é necessário que esses indícios façam sentido e permitam encontrar o cenário que deu origem ao acidente. Uma vez encontrado o cenário, tem de ser algo coerente com a física e com o desenvolvimento do ocorrido, algo que faça sentido. Isso demora tempo e é preciso ter certezas. Pode ser necessário recorrer a meios de diagnóstico complementares."

Jorge Ambrósio explica que este tipo de equipamentos exige, muitas vezes, a existência de um ou vários sistemas de travagem redundantes, que, em caso de anomalia, fazem com que o veículo pare automaticamente.

"Há uma coisa que, para mim, é muito estranha: é o facto de o veículo ter descido completamente descontrolado. Tem de haver algo automático. Têm de existir sempre travões que atuem de forma automática, para que este tipo de acidentes possa, de alguma forma, ser mitigado."

Diz-se surpreendido com o facto de ter havido sobreviventes na sequência do trágico acidente com o Elevador da Glória, uma vez que a estrutura ficou "esmagada" contra um edifício, não tendo sido garantida a sua integridade.

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