O embaixador da Rússia justificou a proibição do acesso por internet a 81 meios de comunicação social europeus, incluindo quatro portugueses, como uma “resposta recíproca” à aplicada pela UE a diversos ‘media’ russos. RTP, Público, Expresso e Observador repudiaram a decisão da Rússia.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia anunciou na terça-feira a “cessação do acesso aos recursos digitais” de várias empresas de comunicação social da União Europeia (UE) no território da Rússia.
Na lista também foram colocados quatro media portugueses– RTP Internacional, Público, Expresso e Observador.
Em resposta à “grande indignação entre as autoridades de Portugal” por essa decisão, o embaixador da Federação da Rússia, Mikhail Kamynin, sublinha em comentário publicado na página digital da delegação diplomática que “as medidas de Moscovo constituem uma resposta recíproca às restrições do Conselho da UE de 17 de maio de 2024 contra os meios de comunicação social russos”.
O texto recorda que “foram então afetadas as empresas RIA Novosti, Izvestia e Rossiyskaya Gazeta” e que “estão bloqueados na UE, há quase dois anos, o grupo de comunicação Russia Today e a agência de notícias Sputnik”, para além da suspensão de transmissões da televisão russa.
“Atualmente, o espaço mediático no Ocidente fica literalmente saturado com propaganda russófoba. Neste ambiente, o bloqueio e a censura dos meios de comunicação social russos praticamente privaram o público europeu de uma visão alternativa dos acontecimentos que ocorrem no mundo, o que é claramente demonstrado pela cobertura parcial e unilateral da crise ucraniana em Portugal”, frisa do texto.
“Moscovo avisou repetidamente os líderes da UE de que tais restrições politicamente motivadas contra o jornalismo russo provocariam uma resposta adequada”, acrescenta Mikhail Kamynin.
A Rússia está “disposta a reconsiderar a decisão tomada ontem se as restrições impostas pela UE aos nossos meios de comunicação social forem levantadas", refere o diplomata.
"Tal como anteriormente, apelamos a Bruxelas para que deixe de agravar a situação no espaço mediático e aceite a nossa proposta construtiva que visa restabelecer o ‘status quo’”, adianta.
Mikhail Kamynin, e numa referência à reação de quinta-feira do chefe de Governo português, assegura “acreditar firmemente que os princípios da liberdade de expressão e de imprensa mencionados ontem pelo primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, são universais e devem proteger não só os jornalistas ocidentais, mas também os russos”.
Meios portugueses repudiam decisão “atentatória da liberdade de informação”
RTP, Público, Expresso e Observador repudiaram a decisão da Rússia de bloquear o acesso, no seu território, a estes meios de comunicação, considerando-a “atentatória da liberdade de informação” e apelando “ao levantamento destas restrições”.
“Quaisquer que sejam as suas motivações, não podemos deixar de lamentar e condenar esta atitude que constitui uma limitação grave à liberdade de informar e de ser informado, pressuposto básico do estado de direito e das democracias”, pode ler-se, numa tomada de posição conjunta assinada pelos diretores de informação da RTP, Expresso, Público e Observador.
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, repudiou fortemente, a decisão da Rússia:
“Portugal repudia fortemente a decisão da Federação Russa (…). Em defesa da liberdade de expressão, a nossa solidariedade com o jornalismo livre”.
A vice-presidente da Comissão Europeia, Vera Jourova, também defendeu que o bloqueio pela Rússia representa “represálias absurdas” pelas medidas tomadas pela União Europeia (UE) contra ‘medias’ russos.