O embaixador de Israel em Portugal desafia o fundador da Web Summit a organizar uma edição do evento na Faixa de Gaza. Em entrevista à SIC, Dor Shapira diz que talvez assim o Paddy Cosgrave consiga perceber o que é viver às ordens de uma organização terrorista.
“Não preciso de um pedido de desculpas dele. Não preciso, a sério. Temos problemas muito mais importantes para resolver”, afirmou Dor Shapira.
“Mas preciso de ver uma condenação e preciso que todos aqueles que se apelidam de liberais compreendam que se tratou de um ato contra o liberalismo. E convido o CEO da Web Summit a realizar a próxima edição em Gaza”, disse.
Acrescentou ainda “Vamos ver como é que ele e os seus alegados amigos ‘liberais’ conseguem sobreviver um dia na Faixa de Gaza, sob o regime de uma organização terrorista e radical”.
O embaixador de Israel em Portugal deu esta entrevista à SIC horas antes do pedido de desculpa e a Embaixada garantiu entretanto à SIC que as últimas palavras de Paddy Cosgrave não mudam nada e que o boicote à Web Summit é para manter.
“Não falo com hipócritas”, conclui.
Comentário de Paddy Cosgrave
Paddy Cosgrave tem utilizado as redes sociais para dizer o que pensa sobre a guerra no Médio Oriente.
Foi perentório quando afirmou que "Os crimes de guerra são crimes de guerra, mesmo quando cometidos por aliados e devem ser denunciados pelo que são”, escreveu na rede social X (antigo Twitter).
Entretanto, o cofundador da Web Summit Paddy Cosgrave pediu esta terça-feira desculpas sobre as suas declarações relativas ao conflito entre Israel e o Hamas, lamentando não ter transmitido "compaixão", e disse esperar que a paz seja alcançada.
A posição do Paddy Cosgrave acontece um dia depois de o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, ter anunciado que o país tinha cancelado a sua participação na cimeira tecnológica de Lisboa devido às declarações do cofundador da Web Summit, que classificou de "ultrajantes".
"Para reiterar o que disse na semana passada: condeno sem reservas o mau, repugnante e monstruoso ataque do Hamas a 7 de outubro" e "apelo também à libertação incondicional de todos os reféns. Como pai, simpatizo profundamente com as famílias das vítimas deste ato terrível e lamento por todas as vidas inocentes perdidas nesta e noutras guerras", começa por dizer Paddy Cosgrave, no blogue da Web Summit.
"Apoio inequivocamente o direito de Israel existir e de se defender, apoio inequivocamente uma solução de dois Estados", mas "compreendo que o que disse, o momento em que disse e a forma como foi apresentado causou profunda dor a muitos", prossegue o cofundador daquela que é considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo.
"Para qualquer pessoa que ficou magoada com minhas palavras, peço profundamente desculpas. O que é necessário neste momento é compaixão, e eu não transmiti isso. O meu objetivo é e sempre foi lutar pela paz" e, "em última análise, espero de todo o coração que isso possa ser alcançado", afirma Cosgrave.