A redução de deputados para menos de metade nas últimas eleições não é resultado dos acordos que o Bloco de Esquerda fez com o Partido Socialista. Este é o entendimento de Francisco Louçã que em entrevista ao Facto Político - que se publica todos os sábado no site da SIC Notícias - pede uma refundação da geringonça, a aliança política que aproximou PCP e Bloco do arco da governação: o Bloco "deve garantir uma maioria para dar respostas a um país que está zangado pela forma como as pessoas têm sido desprezadas".
O caminho faz-se caminhando e o primeiro passo deve ser dado já pelos líderes dos dois partidos mais bem posicionados à esquerda: "Fariam bem", responde Francisco Louçã quando a pergunta é: "Mariana Mortágua e Pedro Nuno Santos deveriam sentar-se já à mesa?". A transparência é usada como argumento para que o secretário-geral do PS responda ao repto já verbalizado por Mariana Mortágua: "Respostas são precisas antes das eleições porque é isso que pode dar um impulso novo numa altura em que a diferença entre o bloco político da esquerda e o da direita é muito pequena".
Francisco Louçã chegou a vaticinar um futuro governativo a Mariana Mortágua, ainda a atual coordenadora não estava à frente dos destinos do partido: "Quando Mariana Mortágua for ministra das Finanças, o Estado não será um porquinho mealheiro.”
Não mudou de ideias: "É preciso um ministro das finanças que ponha cobro aos desvarios financeiros e ponha rigor na justiça que protege todas as pessoas. A Mariana está qualificadíssima para isso".
No arranque da entrevista ao Facto Político, Francisco Louçã fez questão de deixar bem vincada a ideia de que o partido que já coordenou deve "opor-se à formação de um governo de direita". O caminho que prefere é de mãos dadas com o PS, mas se for preciso colocar-se ao lado do Chega numa moção de rejeição ao programa de governo de Montenegro já prometida por André Ventura, desvaloriza: "Não há nenhuma moção de rejeição, mais depressa se entendem". Na insistência, acaba a ceder que "Não é importante quem apresenta a iniciativa, é importante o conteúdo e o sentido político do que elas fazem ao país".