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"Hoje vou saber mais sobre asma": uma doença que afeta mais de 500 mil portugueses

Já tentou atravessar a ponte 25 de abril num domingo às 11 horas da manhã? Custa bastante, demora mais tempo, e facilmente gera desconforto - certo? É mais ou menos isto que acontece nos seus pulmões se, como mais de 570.000 portugueses, tiver uma doença chamada asma.

Margarida Graça Santos

A asma é uma doença respiratória em que há inflamação crónica das vias aéreas. Habitualmente os sintomas incluem falta de ar, sensação de aperto no peito, tosse, e a chamada pieira ou sibilos - comumente referida como sensação de gatinhos no peito, porque o som é parecido ao de gatos a miar ou assobios, e resulta do barulho que faz o ar a passar pelas vias aéreas inflamadas e inchadas.

Os pulmões têm uma espécie de tubos chamados brônquios, a autoestrada por onde passa o ar que inspiramos, e que segue direta para a parte mais distal dos pulmões, onde se vai entregar oxigénio ao sangue, e captar o dióxido de carbono que está a mais.

Na asma, podemos imaginar que estas autoestradas, os brônquios, têm uns insufláveis ao seu redor que são muito muito sensíveis. Sempre que entram em contacto com um determinado estímulo, insuflam e tornam a estrada muito mais apertada, dificultando a passagem de ar. A este fenômeno chama-se hiperreatividade brônquica. A consequência é que passa menos ar, e por isso a pessoa sente dificuldade respiratória e todos os outros sintomas.

Os fatores desencadeantes variam de pessoa para pessoa, mas há uma reconhecida tendência alérgica ou atópica. Os mais comuns são: os alergénios, como poeiras ou pelo de gato, por exemplo, o exercício físico, a exposição a substâncias irritantes, variações meteorológicas e infeções respiratórias virais, como covid ou uma gripe.

O diagnóstico e o tratamento

O diagnóstico é feito com base na história clínica, em que temos os sintomas típicos da asma, e depois com a confirmação de que há uma obstrução a partir de um exame que se chama prova de função respiratória ou espirometria.

Em relação ao tratamento, o que queremos é garantir que as nossas autoestradas respiratórias têm espaço suficiente para deixar o ar passar, porque quando isso não acontece, vão ficando danificadas, e se em última instância ficarem mesmo sem espaço, podem ter riscos graves para a saúde.

A medicação habitual é composta tipicamente por terapêutica diária, para tratar e prevenir a progressão da doença e terapêutica de SOS, utilizada apenas em situações de crise de asma e que têm um início de ação mais rápido.

A terapêutica é na maioria das vezes inalada, mas podem existir outras formas. O tipo de inaladores, assim como a frequência, depende da intensidade dos sintomas e do impacto que têm no seu dia a dia.

A terapêutica crónica é facilmente negligenciada, mas é essencial seguir o plano prescrito porque só assim se pode evitar que a doença avance e limitar o número de crises a longo prazo.

Sabia que se estima que perto de 68% dos asmáticos não têm a sua doença controlada. E isto é mau porque uma asma mal controlada têm um impacto negativo a longo prazo, e pode agravar doenças como a hipertensão, ou até doenças do foro da saúde mental.

Por isso é essencial que não desvalorize os seus sintomas e que fale com o seu médico e explique quantas vezes têm crises de asma, se os sintomas o acordam a noite, se o plano terapêutico prescrito têm estado a funcionar, etc. O nosso grande objetivo é que faça a sua vida com normalidade e tenha o mínimo de crises possíveis.

A prevenção

Para além disto, não se esqueça que, como em tudo, a prevenção tem um papel primordial. Deve evitar aquilo que sabemos que despoleta as crises de asma. Evitando triggers, evitamos que as autoestradas encerrem, e todas as consequências que isso pode ter.

Deve ter cuidado com outros fatores que, em alguns casos, podem agravar asma. Isto inclui infeções respiratórias, e o uso de determinados medicamentos, como anti inflamatórios não esteroides.

“Hoje vou saber mais sobre... Asma”

A asma é uma doença crónica comum e que afeta todas as faixas etárias.

Felizmente já temos vários tratamentos disponíveis e sempre que bem vigiada e acompanhada, é bastante mais fácil de controlar do que o trânsito que apanhamos se quisermos ir almoçar a praia da Costa da Caparica, por isso não deixe que a doença o impeça de viver o seu dia a dia, e fale dela com o seu médico.

Se quiser saber mais pode acompanhar a campanha "Hoje vou saber mais sobre... Asma" com o apoio de várias sociedades científicas e associações desta área e da AstraZeneca. A campanha consiste num videocast que informa sobre o que é a asma, o seu impacto e a importância de um bom acompanhamento.


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