O Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, convocou para esta terça-feira uma cimeira de emergência dos líderes da União Europeia sobre debater a crise no Médio Oriente. O impacto do conflito Israel-Hamas na segurança da Europa, a urgência em prestar assistência aos civis e encontrar formas de travar a escalada regional são alguns dos temas em cima da mesa. Henrique Burnay, consultor de Assuntos Europeus, considera fundamental que “a União Europeia (UE) consiga agarrar esta discussão e tentar ter uma posição que pareça uma posição a uma só voz”.
Este será o objetivo inicial desta cimeira extraordinária depois da “cacofonia que foram as reações dos primeiros dias”, sabendo de antemão que “não é fácil” encontrar uma posição comum, mas “se a União Europeia não tiver uma posição comum, a sua irrelevância será ainda maior do que aquela que já é”, defende o consultor de Assuntos Europeus.
“Há muitas nuances e muitas posições não inteiramente idênticas dentro da UE (…) Os diferentes países da União Europeia têm diferentes histórias de relacionamento quer com Israel, quer com a Palestina, quer com a região, e têm diferentes presenças de população de origem muçulmana e/ou judia nos seus países e, portanto, isso condiciona”, explica Henrique Burnay e cita o exemplo da França e da Alemanha.
Sobre as diligências diplomáticas junto de Israel e dos países do Médio Oriente, tanto por parte dos Estados Unidos, como da Europa, o consultor de Assuntos Europeus considera que neste momento se está a “tentar evitar o pior”.
“Os cenários são trágicos. Temos que ter presentes uma coisa que é neste momento, do lado do Hamas, e portanto vindo da Faixa de Gaza irremediavelmente, continua a haver disparos. Só não são muito consequentes porque Israel tem aquele sistema de proteção, mas se não estavam a ter mais consequências no terreno, e continua a ter reféns”, refere Henrique Burnay.
Quanto ao lado de Israel, há o objetivo de salvar as vidas dos reféns e pôr termo a esta ameaça.
Basta ter estes dois elementos "para perceber que dificilmente alguma coisa sai daqui que não seja trágica, aquilo que me parece que se está a tentar é evitar o aumento da tragédia, ou seja, tentar conseguir, por exemplo, que não haja um recrudescimento da guerra ou de conflito a Norte, vindos do Líbano, com o Hezbollah a tentar que outros Estados árabes consigam ter aqui alguma influência.
Na opinião de Henrique Burnay, “o pior que poderia acontecer por todas as razões, desde logo para os civis, era que isto se transformasse num conflito em que o Irão incendiasse através do Hezbollah e aumentasse a gravidade, que o Egito não aceitasse ninguém a passar a fronteira e, portanto, não aceitasse uma fuga da população”.