Nasceu no Porto em fevereiro de 1973, mas viveu sempre em Espinho. A ligação à cidade não é de sempre, mas a família tinha lá casa.
Dos três irmãos, o mais velho já morreu. A mãe formou-se em Economia e é a segunda mais velha de 14 irmãos, todos licenciados. O pai formou-se em Direito em Coimbra e chegou a trabalhar na RTP.
Nunca sentiu a ausência da mãe, mas “a vida não era fácil, ela trabalhava muito”. “A minha mãe levantava-se às 6:00 para ir trabalhar e deixava o almoço pré-cozinhado. Eu depois cozinhava para mim e para o meu pai”, conta.
Quando recorda estes tempos, compara-os às temporadas que passa em Lisboa, longe da família, e de como a certa altura a sua exposição política o obrigou a retirar os filhos da escola de Espinho para outra no Porto.
Aos 9 anos já tinha a chave de casa
Andou sempre na escola pública. Brincava na rua e com 9 anos ia a pé para as aulas. “Até tinha a chave de casa”. Com queda para o desporto, foi desde cedo um atleta polivalente, jogou andebol, voleibol e até fez ginástica. Com 16 anos, virou-se para o mar de Espinho e tornou-se nadador-salvador.
O pai era mais ligado à política do que a mãe e chegou a fazer a campanha de Pires Veloso, um dos protagonistas do 25 de novembro de 1975. Ficou-lhe gravada na memória a primeira campanha da AD, em 1979.
“Ainda hoje guardo a minha bandeira de cetim do PPD e a do meu irmão, de um comício que fomos no Estádio das Antas”.
O amigo Passos Coelho
Com 18 anos, ligou-se ao partido e fez-se militante do PSD. Foi por esta altura que conheceu Pedro Passos Coelho e de quem é “amigo” até hoje. “A nossa relação vai para além do trabalho político”, garante.
Entrou para a Assembleia Municipal com 24 anos e aos 28 candidatou-se à Câmara de Espinho, onde foi vereador.
Ganhou visibilidade quando Pedro Passos Coelho, na altura primeiro-ministro, o escolheu para líder parlamentar, num dos períodos mais negros da história do país - a intervenção da Troika.
O Chega pode ter sido “subavaliado”
Hoje é candidato a primeiro-ministro e enfrenta a ameaça do crescimento do Chega. “É um partido de protesto” que tem de ser entendido à luz da “diferença entre a expectativa e o resultado” dos anos de Governo do PS.
Não aceita que haja “falta de comparência do PSD”, mas reconhece que o partido de André Ventura, formado depois de uma dissidência dentro do PSD, pode ter sido “subavaliado” - não por ele que nessa altura “não estava no ativo”, sublinha.
Luís Montenegro é o convidado do Geração 70. Durante a conversa, falou sobre a infância em Espinho, as brincadeiras na rua e os primeiros passos na política. Com a campanha eleitoral à porta, fala sem tabus sobre como o PSD geriu (e gere) o crescimento do Chega e ainda sobre a crise na Madeira. “A saída de Miguel Albuquerque foi a decisão mais correta e não o disse em público por uma questão de lealdade”.
E depois de 10 de março, imagina um Governo PSD/Chega? “Não, não imagino”.
“Geração 70“ é uma conversa solta com os protagonistas de hoje que nasceram na década de 70. A geração que está aos comandos do país ou a caminho. Aqui falamos de expectativas e frustrações. De sonhos concretizados e dos que se perderam.
Um retrato na primeira pessoa sobre a indelével passagem do tempo, uma viagem dos anos 70 até aos nossos dias conduzida por Bernardo Ferrão.