Contas Poupança

Obrigações do Tesouro ou Certificados de Aforro? Saiba onde deve investir o seu dinheiro

Se quiser comprar as obrigações atuais, só vai ganhar mais 0,25% para além da Euribor. Em comparação com os atuais Certificados de Aforro, é melhor ou pior? O Contas-Poupança responde.

Pedro Andersson

Catarina Coutinho

Flávio Valente

O Estado decidiu pôr em comercialização Obrigações do Tesouro para a população geral, algo que não acontecia há sete anos. No fundo, qualquer um de nós pode emprestar dinheiro ao Estado e receber juros com isso, mas será que compensa em relação aos Certificados de Aforro? O Contas-Poupança foi fazer as contas. 

O folheto da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública é claro: está é mais uma oportunidade para a sua poupança. Oferece uma taxa de juro que é a Euribor a seis meses, acrescido de mais 0,25%, durante seis anos, ou seja, até 2031. Há cerca de sete anos que o Estado não oferecia aos cidadãos esta oportunidade de poupança. 

Na última vez, em 2018, o Estado ofereceu a taxa Euribor a 6 meses mais 1%. Olhando para o gráfico da Euribor, a OTRV (Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável) antiga (que acaba agora) esteve durante quatro anos a render quase nada porque a Euribor esteve negativa, mas em 2022, 23 e 24 rendeu 3, 4 e 5% quando a Euribor disparou. 

Se quiser comprar as obrigações atuais, só vai ganhar mais 0,25% para além da Euribor. Em comparação com os atuais Certificados de Aforro, é melhor ou pior? 

Depois dos prémios e descontados os impostos, o resultado é praticamente igual. Mas há um detalhe que faz toda a diferença: as OTRV têm comissões bancárias, e os Certificados de Aforro não. 

Simulação

O Contas-Poupança pediu uma simulação à Caixa Geral de Depósitos, um dos bancos envolvidos, para subscrever OTRVs. Pediu uma lista dos custos para 1.000 e para 10 mil euros. 

Caso não pague já comissão de guarda de valores, teria de pagar - entre outras comissões -, quase 12 euros de três em três meses. Ao fim dos seis anos terá, apesar de receber juros do Estado, um prejuízo de quase 200 euros. 

Se subscrever 10.000 euros, as comissões ficam mais diluídas, mas só vai receber em juros cerca de 579 euros. Dividindo por seis anos, dá um rendimento de 96,50 € por ano, o equivalente a menos de 1% líquidos. 

Para além disso, as OTRV têm ainda outro problema. É que o reembolso só é garantido no final dos seis anos. Se o quiser resgatar antes de 2031, pode perder dinheiro. 

Outra desvantagem para os Certificados de Aforro é que nas OTRV os juros são pagos na sua conta e depois gasta-os como quiser. Nos certificados eles acumulam de três em três meses, gerando o efeito da capitalização dos juros. 

Há duas situações em que as OTRV podem tornar-se mais vantajosas: caso a Euribor dispare acima dos 2,5%, que é o limite dos Certificados de Aforro, e para quem tem muito dinheiro e já esgotou os 100 mil euros dos Certificados e quer continuar a investir em produtos do Estado com capital garantido no final. 

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