Os portugueses têm receio de investir. A maioria nem quer ouvir falar nas bolsas e em investimentos sem capital garantido, mas alguns especialistas dizem que em períodos de crise - como agora - pode ser uma boa altura para arriscar.
Ultimamente, a situação nas bolsas e nos mercados está presente em quase todos os noticiários. Fomos à rua e perguntámos a algumas pessoas se estão a aproveitar para investir o seu dinheiro. Nenhuma surpresa: quase todos têm medo.
Há muita falta de literacia financeira entre os portugueses. As pessoas têm medo do que desconhecem. Como nunca ninguém nos ensinou como funcionam as bolsas, basta conhecer alguém que perdeu dinheiro para reforçar a nossa crença de que provavelmente é uma coisa má.
Mas para quem conhece os produtos financeiros, as quedas - grandes e pequenas - não só são coisas normais, como podem ser boas oportunidades para começar a investir ou para reforçar o que já têm.
Bolsas não são só ações de empresas individuais
Quando falamos em ativos, é preciso que as pessoas percebam que bolsas não são só ações de empresas individuais, como a Tesla, a Amazon, ou a Apple: há milhares de fundos de investimento, de ETFs, e até fundos PPR que estão relacionados com as bolsas e que, neste momento, estão em queda sem terem culpa nenhuma e com preços muito baixos.
Historicamente, quem investiu nas bolsas ganhou em média cerca de 10% ano, ao longo dos últimos 100 anos. Mas há um problema, é que há anos maus e anos muito, muito maus.
Quem tem pouca literacia financeira vende nestas alturas, em pânico, porque tem medo de perder tudo. Por ouro lado, quem tem mais experiência aproveita para comprar mais, a pensar no longo prazo.
O importante - em primeiro lugar - é perceber como estes investimentos funcionam. E isso, de facto, não é para todos.
Ainda antes de explicar como é se faz para investir, é importante perceber que nunca - em caso algum - deve investir dinheiro que lhe faça falta para pagar contas ou para compromissos futuros. É uma regra de ouro.
Filipe Garcia, economista da Informação Mercados Financeiros, sugere os Fundos PPR como primeira opção para quem quer começar a investir com pequenos montantes.
Se está a pensar começar a investir, há cinco regras sagradas:
- Perceber o produto que está a comprar
- Ter primeiro o fundo de emergência completo
- Ter um objetivo e um prazo
- Nunca entrar em pânico se estiver a perder
- Nunca investir com dinheiro emprestado
Para além dos Fundos PPR, tem também os ETFs que pode comprar em qualquer corretora ou banco. O mais famoso é o SP500, que é a média da valorização das 500 maiores empresas dos Estados Unidos.
Quedas acentuaram-se após tarifas de Trump
Houve uma grande queda durante a covid-19, mas recuperou bastante logo a seguir. Depois, começou a guerra na Ucrânia, com quedas substanciais, mas já estava a recuperar novamente.
Agora, com as tarifas do residente Trump, as quedas ainda foram maiores do que na covid-19. Será que vai voltar a recuperar? Não sabemos. Ninguém pode garantir rigorosamente nada. Tudo pode acontecer, inclusive novas quedas e ainda maiores.
Mas uma coisa é certa: só vai ganhar alguma coisa no futuro, neste tipo de ferramentas, quem tiver conhecimento, dinheiro e coragem para investir… agora.
Se tivesse investido mil euros durante o pior da covid-19, em janeiro de 2025 teria tido um lucro de 112% - mais do dobro.
Em todo o caso, investir não é para todos. Muitos nem sabem por onde começar. Uma pessoa só vai perceber na prática como se faz para investir, se experimentar. Para isso, vai ter de abrir uma conta numa corretora ou num banco. Não há outra maneira.
Se não sabe qual, para começar basta ir ao google e pesquisar "instituições para começar a investir em Portugal" e "melhores fundos PPR". Prefira os que tiverem as comissões mais baixas e prepare-se para perder dinheiro no princípio. É perfeitamente normal.
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