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INEM: técnicos de emergência pré-hospitalar fazem horas extra e baixam espera para menos de 1 minuto

O sindicato diz que é um sinal de que os trabalhadores estão com boas expectativas para a reunião com o Governo. O início das negociações está marcado para quinta-feira. No mesmo dia, estão agendadas audições no Parlamento, incluindo a de representantes destes trabalhadores e a do presidente do INEM.

Amanda Martins

Margarida Borges Martins

Os técnicos de emergência pré-hospitalar estão a fazer mais horas extra no centro de atendimento de chamadas do INEM, o que está a baixar os tempos de espera para menos de um minuto. O sindicato diz que é um sinal de que os trabalhadores estão com boas expectativas para a reunião com a ministra da Saúde, que se realiza na próxima quinta-feira. O Governo já se comprometeu em negociar uma nova grelha salarial.

A greve às horas extra no INEM e a admissão do Governo de que o instituto precisa de medidas urgentes já teve uma consequência positiva.

“Os técnicos de emergência pré-hospitalar passaram a realizar um esforço suplementar, disponibilizando-se assim para fazer mais horas extraordinárias, a que tem correspondido um tempo de espera para atendimento de chamadas bastante inferior a um minuto”, afirma Rui Lázaro, presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar.

Um sinal de que os trabalhadores estão com boas expectativas em relação ao que o Governo irá fazer.

O protocolo para dar início às negociações foi assinado dia 7 e levou à suspensão da greve no INEM. Aconteceu três dias depois do dia mais crítico na prestação de socorro, quando coincidiram duas paralisações.

Nessa segunda-feira, 4 de novembro, o governo e o INEM dizem que os serviços mínimos não foram cumpridos no último turno. Esses serviços dizem respeito à greve da função pública e não à convocada pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, que não dispunha desses mínimos pelo facto de as horas extra não serem obrigatórias.

Este sindicato responsabiliza o instituto pelo alegado incumprimento dos mínimos na greve da função pública.

Só aos atrasos ou às chamadas que ficaram por atender nesse dia mais crítico estão associadas seis mortes. No total, foram contabilizadas 11 em associação à demora no atendimento, em pouco mais de uma semana de greve às horas extra.

Os casos aconteceram um pouco por todo o país. Pombal é o único concelho onde foram registadas duas mortes.

A demora no atendimento já existe há anos por causa da falta crónica de técnicos. São precisos quase 800. Em janeiro iniciam funções 200.

É para tentar resolver este problema e a elevada taxa de abandono, o que passa pela atração e fixação de profissionais, que Governo e trabalhadores se vão reunir.

Os técnicos querem uma valorização da carreira e aumentos de 600 euros no salário base.

A ministra da saúde já lamentou os atrasos no socorro e disse que assumia toda a responsabilidade, mas não se demitiu como exigiram vários partidos.

A única consequência política, para já, foi a retirada da tutela do INEM, que estava na secretária de Estado da gestão da saúde, e que passou para a própria ministra.

A causalidade entre as mortes e os atrasos não está provada. Será apurada pelo Ministério Público e pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, que estão a investigar.

O Presidente da República quer que sejam apuradas todas as responsabilidades.

O início das negociações entre técnicos de emergência pré-hospitalar e o Governo está marcado para a próxima quinta-feira de manhã. No mesmo dia, estão agendadas várias audições no Parlamento, incluindo a de representantes destes trabalhadores e a do presidente do INEM.

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