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"Preservar a qualidade de vida": internados no IPO de Lisboa recebem espetáculos de música

Os efeitos desta iniciativa no tratamento oncológico estão a ser estudados pelos profissionais do IPO, que até agora apontam para melhorias significativas na saúde mental dos doentes internados nesta unidade.

SIC Notícias

A música tem impacto na recuperação de doentes e o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa tem organizado concertos para aliviar o peso dos tratamentos. De duas em duas semanas ouve-se música nos corredores do IPO.

Desde 2019 que a unidade de internamentos, onde estão doentes em estado mais graves, é palco de concertos e por aqui já passaram diferentes artistas. Sandra Martins, violoncelista e programadora dos concertos no IPO Lisboa, explica que "os artistas que vêm têm o seu próprio repertório”, mas “também acontecem situações de improviso”.

A ideia surgiu quando foi feito um concerto para um jovem utente com depressão e os médicos não têm dúvidas que o efeito foi mais positivo que o de qualquer medicamento, e, desde logo, souberam que queriam levar a melodia a mais doentes.

“O internamento é sempre um período de grande fragilidade para estes doentes”, explica Carolina Pereira, médica de oncologia no IPO. “Esforçamo-nos ao máximo para tentar preservar a sua qualidade de vida neste momento e temo-nos preocupado sempre com este tipo de projetos de humanização dos serviços.”

Graça Almeida, voluntária da Liga Portuguesa Contra o Cancro, acrescenta que esta iniciativa traduz-se em “meia hora que os doentes estão fora dos seus quartos e dos seus pensamentos", o que tem impactos positivos ao nível psicológico e também físico.

"Há alguns doentes que falam, que sentem a dor mais apaziaguada quando estão no concerto, quando se vêm retratados no desenho, quando ouvem a música", explica João Graça, psiquiatra no IPO.

Nestes concertos não há só música, mas também ilustradores que transferem para o papel o momento para mais tarde recordar.

"O desenho é também uma forma de nos relacionarmos com os outros. As pessoas têm muita curiosidade e falam muito sobre o desenho. É a nossa contribuição para que estes dias sejam diferentes da rotina", afirma a desenhadora da Urban Sketchers Teresa Ruivo.

O público alvo são os doentes, mas familiares e profissionais de saúde também estão convidados a desfrutar destas sessões. A iniciativa ajuda a, por momentos, pôr para trás das costas os problemas, desfrutando do ritmo das notas musicais.

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