Multiplicam-se as críticas à Justiça depois da libertação dos três arguidos, após 21 dias de detenção, no caso de corrupção na Madeira. Há quem peça a demissão da Procuradora-Geral da República, Lucília Gago.
Depois do advogado Magalhães e Silva ter defendido da demissão da procuradora-geral da Republica, também Ferro Rodrigues se mostrou “indignado” com a situação da Justiça em Portugal.
Em declarações ao jornal Público, o antigo presidente da Assembleia da República acusa o Ministério Público de uma “completa irresponsabilidade e mediocridade”. Insta, por isso, Marcelo Rebelo de Sousa a agir “rapidamente”, de forma a dar um "sinal" de que a atual situação na justiça "não pode continuar" e que é "necessária uma intervenção".
O antigo líder socialista lembra que o Presidente da República é o "único órgão de soberania que neste momento tem todos os poderes", uma vez que, devido à dissolução do Parlamento, "o Governo não tem todos os poderes, a Assembleia da República também não".
Sugere, por isso que Marcelo Rebelo de Sousa se reúna com os Conselheiros de Estado antes do arranque da campanha eleitoral, "para obrigar os partidos a assumirem propostas e compromissos".
Ferro Rodrigues desafia também Lucília Gago a ter “a dignidade” de “assumir o ónus" das consequências que os recentes casos judiciais tiveram, tanto na Madeira como no Governo. Recorde que a demissão de António Costa e a consequente dissolução do Parlamento surgiram na sequência de uma suspeita de envolvimento do primeiro-ministro no caso Influencer.
No processo da Madeira, os três arguidos – o ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e os dois empresários Avelino Faria e Custódio Correia – estiveram detidos durante 21 dias, tendo sido libertados, esta quarta-feira, pelo juiz de instrução, Jorge Bernardes de Melo, que concluiu não existirem indícios de qualquer prática de corrupção. Durante estas três semanas, caiu o Governo regional e demitiu-se o autarca da maior cidade do arquipélago.
Questionado pelos jornalistas, o Presidente da República recusou comentar a atuação da justiça em casos particulares.
"Não faço comentários sobre um caso concreto, nunca fiz. É um processo que está a correr e, estando a correr, não pode mercer da parte do Presidente da República um comentário concreto", disse Marcelo, repetindo várias vezes que não comenta casos concretos que estão em curso.