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Buscas Madeira: três detidos saem em liberdade apenas com termo de identidade e residência

Ao fim de três semanas foram, finalmente, conhecidas as medidas de coação para os três detidos por suspeitas de corrupção na Madeira que ficam apenas com termo de identidade e residência.

SIC Notícias

O Ministério Público pedia prisão preventiva para o ex-presidente da câmara do Funchal, Pedro Calado, e para os empresários Avelino Farinha e Custódio Correia. Mas o juiz de instrução tomou uma decisão diferente: liberdade. E porquê? “Não há fortes indícios de corrupção”.

Os três arguidos estão detidos há três semanas no âmbito da investigação a suspeitas de corrupção na Madeira, mas esta quarta-feira o juiz decidiu que devem sair e ficar apenas sob termo de identidade e residência.

A medida cautelar menos gravosa foi aplicada ao ex-presidente do município Pedro Calado (PSD), bem como aos empresários Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA, e Custódio Correia, principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, refere o despacho do juiz Jorge Bernardes de Melo, do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.

Uma decisão que é uma vitória para a defesa dos três arguidos, mas também uma (mais uma) derrota para o Ministério Público que, recorde-se, tinha pedido prisão preventiva, a medida mais gravosa, para os três arguidos.

Com que restrições ficam?

O termo de identidade e residência, de aplicação obrigatória quando alguém é constituído arguido, consiste na identificação da pessoa e indicação da sua residência, bem como na obrigação de comparecer perante as autoridades sempre que houver uma notificação.

O arguido não pode mudar de residência ou ausentar-se por mais de cinco dias sem comunicar o lugar onde pode ser encontrado.

Três semanas antes…

A Polícia Judiciária (PJ) realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

A PJ deteve nesse dia o então presidente da Câmara do Funchal, que entretanto renunciou ao cargo, e os dois empresários.

O presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o que implicou a demissão do executivo.

Em causa no processo estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo a PJ.

De acordo com documentos judiciais a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público refere que o social-democrata Miguel Albuquerque, Pedro Calado e Avelino Farinha estabeleceram, "ao longo do tempo, uma relação de particular proximidade e confiança" que terá beneficiado aquele grupo empresarial "ao arrepio das regras da livre concorrência e da contratação pública".

Entre os contratos alvo de investigação criminal, indicam os documentos judiciais, estão a concessão de serviço público de transporte rodoviário de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do Teleférico do Curral das Freiras, o projeto da requalificação da Praia Formosa e o Funchal Jazz 2022-2023.

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