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Falta de "bom senso" e "irresponsabilidade": relação entre Costa e Marcelo já teve melhores dias

A relação entre Costa e Marcelo sempre foi marcada por tensões, mas, agora, o primeiro-ministro fez questão de as tornar públicas. Criticou a decisão de dissolver o Parlamento e desmentiu o Presidente.

Bruno Castro Ferreira

Diogo Teixeira Pereira

António Cunha

Hélder Vasconcelos

António Costa fez duras críticas ao Presidente da República. Primeiro disse que faltou "bom senso" e "responsabilidade" a Marcelo Rebelo de Sousa para evitar uma crise política. Depois apontou o dedo ao Presidente por ter dito que foi ele – António Costa – quem lhe pediu que chamasse a Procuradora-Geral da República a Belém.

A relação entre Costa e Marcelo sempre foi marcada por tensões, mas, de saída do Governo, o primeiro-ministro fez questão de as tornar públicas. Recomendou que “tivesse havido bom senso” para evitar uma crise política – uma acusação direta para o Chefe de Estado.

Em causa está a decisão de Marcelo de marcar eleições antecipadas, em vez de manter o Governo com Mário Centeno, como o primeiro-ministro sugeriu.

Disse ainda que esta crise política é “irresponsável” , como também foi a anterior – onde Marcelo dissolveu o Parlamento depois do Orçamento de Estado não ter sido aprovado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP.

António Costa espera que a solução que surja depois das eleições não seja ainda mais instável e que não leve o Chefe de Estado a voltar a acionar a “bomba atómica” – termo usado para a decisão de dissolver o Parlamento.

Além disso, Costa desmentiu ainda o Presidente, que disse publicamente que foi o primeiro-ministro quem lhe pediu que chamasse a Procuradora-Geral da República a Belém, depois de se saber que estava a ser investigado.

“No dia em que cada um começa a achar que pode dizer o que é que outro disse ou não disse, seguramente as relações entre os órgãos de soberania começam a decorrer com menor fluidez”, diz Costa.

Mas as críticas não foram só para Marcelo, também a Justiça foi alvo dos comentários de António Costa. Disse que os processo iria ser longo e que ficaria a saber dos avanços pela comunicação social – “é o meio de comunicação que a Justiça tem mantido comigo”, remata.

Com o PS em luta interna e com novas eleições no horizonte, Costa pede ao partido que se afaste dos casos judiciais e que não se intrometa no tempo da Justiça.

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