Com os gastos a subir em todas as despesas do dia a dia, é na alimentação que alguns portugueses tentam poupar. No mercado em Monte Abraão, em Sintra, os fregueses admitem já evitar comprar, por exemplo, frutas mais caras e até mesmo fazer compras nas grandes superfícies, onde os preços são mais altos.
Para a maioria dos portugueses, a habitação é a principal despesa, quer estejam a pagar a prestação de um crédito à habitação ou uma renda ao senhorio.
"Como é que eu vou viver? Para debaixo da ponte? Já há aí tanta gente a viver debaixo da ponte, e eu provavelmente faço o mesmo... medicamentos para pagar, casa, alimentação... o meu marido doente, eu doente, temos montes de medicamentos que tomamos todos os dias... Como é que vamos viver? Como é que os pobres vivem?", questionou uma portuguesa que fazia compras no mercado.
Se a situação já é difícil, em outubro vai piorar, com a nova subida das taxas de juro, de 25 pontos base, anunciada pelo Banco Central Europeu. A DECO Proteste já fez as contas aos aumentos que vão sentir as famílias que tiverem a prestação revista no próximo mês.
No caso de um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, com spread de 1% e Euribor a 6 meses, em outubro do ano passado, a prestação era de 600 euros. Com a última atualização em abril passou para os 739 euros e agora será de 823 euros. É uma subida de 84 euros em seis meses.
No mesmo caso, mas com euribor a 12 meses, em outubro de 2022 as famílias pagaram 651 euros. No próximo mês, vão pggar 835 euros, um aumento de quase 184 euros num ano.
O Banco Central Europeu (BCE) tem estado a aumentar as taxas de juro como estratégia para controlar a inflação e tentar que baixe para os 2%.