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"São uma vergonha": professores protestam junto a escola visitada por Costa e ministro da Educação

À chegada ao estabelecimento de ensino, os dois governantes evitaram os professores, entrando diretamente na escola. As escolas têm até sexta-feira para dar início ao ano letivo, mas a escassez de professores está a deixar milhares de alunos sem docente a pelo menos uma disciplina.

SIC Notícias

Lusa

Dezenas de professores manifestam-se esta quarta-feira de manhã, no Porto, junto à escola onde estão o primeiro-ministro e o ministro da Educação. Querem mostrar que vão continuar a lutar pela valorização da profissão.

Os professores concentraram-se à entrada da Escola Alexandre Herculano, onde estão o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Educação, João Costa, a assinalar o início do ano letivo.

Dizem-se descontentes e empenhados em continuar a luta por condições mais dignas. Exigem ainda a demissão do ministro João Costa.

À chegada ao estabelecimento de ensino, os dois governantes, que chegaram em momentos diferentes, evitaram os professores, entrando diretamente na escola, que reabre portas na sexta-feira depois de obras de requalificação que duraram mais de três anos e custaram mais de 14 milhões de euros.

"Uma vergonha, vocês são uma vergonha", gritavam os docentes.

Os professores foram afastados da entrada principal do antigo liceu, tendo sido criado um perímetro de segurança pela Polícia de Segurança Pública (PSP).

O protesto, que foi organizado por um movimento de professores da região Norte, contou com a presença do líder do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (S.TO.P), André Pestana, e do secretário-geral adjunto da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Francisco Gonçalves.

Falta de professores

As escolas têm até sexta-feira para dar oficialmente início ao ano letivo, mas a escassez de professores volta a ensombrar o regresso às aulas, ao deixar milhares de alunos sem docente a pelo menos uma disciplina.

A escassez de professores poderá não ser, no entanto, o único fator a deixar os alunos sem aulas, prevendo-se que o ano letivo arranque da mesma forma que terminou o anterior, com a forte contestação dos profissionais das escolas.

Educação "tem sido maltratada"

"Queremos passar uma simples mensagem ao senhor primeiro-ministro e ao senhor ministro da Educação: as escolas vão continuar em luta e não vão desistir", afirmou Joaquim Sampaio, professor na Escola D. Sancho I, em Famalicão (Braga), que encabeçou o protesto.

Aos jornalistas, Joaquim Sampaio afirmou que "a Educação, nos últimos anos, tem sido maltratada".

"Os professores estão cansados da pressão que se vive nas escolas, do trabalho que temos, da burocracia que temos, que não nos deixa fazer aquilo de que gostamos, que é estar com os nossos alunos", acrescentou.

"Evidente" que ministro "não tem uma solução"

O S.TO.P juntou-se ao protesto no Porto.

"Depois da entrevista de ontem do ministro da Educação, ficou evidente que ele não tem uma resposta efetiva, uma solução, para os problemas reais da escola pública", afirma André Pestana, coordenador do S.TO.P.

O líder do sindicato alerta:

"Se não é este ano, em ano de eleições, se não é este ano em que há crescimento económico, se não é este ano em que temos uma receita fiscal extra de mais de 2 mil milhões de euros, quando é que vai ser investido a sério nos serviços públicos essenciais? Tem de ser este ano".

Há uma nova greve do S.TO.P marcada para a próxima semana, de 18 a 22 de setembro, e uma manifestação nacional no dia 22.

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