País

"Mataram a minha menina brutalmente": começa o julgamento do caso Jéssica

A avó paterna da criança de três anos não se conforma com o que fizeram à menina. O julgamento dos cinco arguidos - nos quais se inclui a mãe de Jéssica - começa esta segunda-feira no Tribunal de Setúbal.

SIC Notícias

Lusa

Começa esta segunda-feira o julgamento dos cinco acusados de matar Jéssica. Entre os arguidos está a mãe da menina de três anos, que responde pelos crimes de homicídio qualificado e de ofensas à integridade física qualificada, por omissão.

Jéssica morreu a 20 de junho de 2022, devido a maus-tratos que lhe foram infligidos durante os vários dias em que esteve ao cuidado de uma suposta ama. A morte da criança terá acontecido devido a uma alegada dívida da mãe por práticas de bruxaria.

A greve dos funcionários judiciais fez atrasar o início do julgamento. Os cinco arguidos – Inês Sanches (mãe da menina), Ana Pinto (suposta ama), Justo Ribeiro Montes (companheiro da ama), Esmeralda Pinto Montes e Eduardo Montes (filhos do casal) – já estão no tribunal.

A avó paterna de Jéssica, Maria Lídia, é uma das pessoa que está à porta do tribunal para pedir justiça. Considera que o que fizeram à criança “foi brutal” e “não se faz a um animal”.

"Foi brutal o que fizeram à minha menina. Ela era linda, esperta. Mataram a minha menina brutalmente. Não se faz a um animal o que fizeram à minha neta”, afirma.

A avó paterna espera que “haja justiça e mão pesada” para os arguidos, que afirma serem “assassinos da neta”.

Maria Lídia conta ainda quando visitava a menina “estava sempre tudo bem”, no entanto não fica surpreendida por a mãe de Jéssica estar entre os arguidos: “É uma mulher que é capaz de tudo”

“Eu sempre disse na Judiciária e volto a dizer que foi ela que começou. Depois deu aos outros para acabar, para não ser sozinha neste filme de horror”, acrescenta.

A mãe, Inês Sanches, é uma das arguidas no processo, acusada dos crimes de homicídio qualificado e de ofensas à integridade física qualificada, por omissão.

A alegada ama da vítima, Ana Pinto, o marido, Justo Ribeiro Montes, e a filha, Esmeralda Pinto Montes, estão acusados de homicídio qualificado consumado, rapto, rapto agravado e coação agravada.

Estes três arguidos, bem como outro filho de Ana Pinto, Eduardo Montes, estão ainda acusados de um crime de violação agravado e de um crime de tráfico de estupefacientes agravado.

O despacho de acusação do Ministério Público refere que, durante os cinco dias em que permaneceu na casa de Ana Pinto como garantia de pagamento da dívida da mãe, de 200 euros, por alegadas práticas de bruxaria com o objetivo de melhorar o relacionamento de Inês Sanches com o companheiro, a pequena Jéssica foi sujeita a vários episódios de maus-tratos violentos e utilizada como correio de droga.

A menina só foi devolvida à mãe cerca das 10:00 do dia 20 de junho de 2022, numa altura em que já não reagia a qualquer estímulo.

Os sinais evidentes do sofrimento de Jéssica foram ignorados durante várias horas pela própria mãe, facto que a investigação considerou que também poderá ter contribuído para a morte da criança, que viria a ocorrer poucas horas depois no Hospital de São Bernardo, em Setúbal

Últimas