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Um século depois, baleias-sei voltam a ser avistadas na costa da Argentina

Um projeto pioneiro tem trabalhado para rastrear e monitorizar estes mamíferos gigantes na Patagónia argentina e, recentemente, foi possível captar imagens únicas desta espécie quase extinta. Veja o vídeo.

Elisa Macedo

Ana Isabel Pinto

As baleias-sei desapareceram da costa da Patagónia argentina há um século devido à caça. Navios baleeiros viram esta espécie a desaparecer a partir da década de 1920. Este mamífero gigante não foi extinto, mas poucos sobreviveram à caça. Nas últimas décadas a espécie começou a recuperar e no mês passado, uma equipa de biólogos conseguiu registar imagens que foram agora divulgadas.

Durante o mês de abril, a equipa de biólogos trabalhou para equipar algumas baleias-sei com rastreadores de satélite p mapear seus padrões de migração. Graças ao financiamento do projeto Pristine Seas da National Geographic, foi possível captar imagens desta espécie a partir de barcos, drones e debaixo de água.

Nos últimos 50 anos, a proibição global da caça comercial de baleias ajudou a recuperar as populações tanto desta espécie como de outras.

"Esta baleias desapareceram porque foram capturadas, não foram extintas, mas foram tão reduzidas que ninguém as via", disse Mariano Coscarella, biólogo e investigador de ecossistemas marinhos do organismo científico estatal argentino Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet).

Coscarella acrescentou que foram necessárias décadas para que os números se recuperassem ao ponto das baleias serem avistadas novamente, o que só começou a acontecer nos últimos anos.

"Estas baleias reproduzem-se a cada 2 ou 3 anos e, portanto, foram necessários quase 100 anos para que tivessem um número apreciável de indivíduos para que as pessoas percebessem que elas ainda estão lá", explicou Mariano Coscarella, em entrevista à agência Reuters.

"É uma mensagem de esperança no sentido em que quando todos chegarmos a um acordo e protegermos as espécies, e compreendermos que a exploração não pode ser infinita nem olímpica, poderemos ter êxito na recuperação dessas espécies (...) Podemos considerar isso um sucesso da conservação em escala global", afirmou Coscarella, sublinhando que a determinação global sobre a caça às baleias foi fundamental para a melhoria dos números.

O especialista deixou ainda um alerta, lembrando que se os países decidirem deixar esse acordo isso poderia prejudicar a recuperação das baleias-sei e outras espécies ameaçadas pela caça.

“É preciso ter em mente que é uma espécie migratória e nada para longas viagens. Portanto, mesmo que a espécie seja capturada (em águas jurisdicionais de um país), isso tem impacto nas regiões para onde a espécie se desloca (...) As populações estão a começar a recuperar porque a moratória está em vigor, mas se a moratória for retirada no Japão e noutros países, significa que a caça pode recomeçar. Isso provavelmente atrasaria a recuperação das espécies em diferentes zonas do planeta", conclui o biólogo do Conicet.

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