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Baleia azul destronada: há um novo animal que pode bater o recorde de mais pesado do mundo

Vértebras com 200 kg e outros restos fossilizados encontrados no Peru apontam para um antepassado da baleia da época do Eoceno de proporções colossais.

Catarina Solano de Almeida

A baleia azul (Balaenoptera musculus), considerada o animal mais pesado que já viveu na Terra, poderá ter sido destronada. Um seu antepassado muito distante e já extinto pode vir a superar o seu recorde, de acordo com um estudo divulgado na quarta-feira na revista Nature.

O gigante marinho chamado Perucetus colossus, cujos primeiros fósseis foram descobertos no Peru em 2010, viveu há 38 milhões de anos, na época do Eoceno.

“Perucetus colossus, como lhe chamámos, era um animal que pesava 199 toneladas e tinha mais de 20 metros de comprimento. Vivia no fundo do mar na zona costeira e ali se alimentava”, explica na reportagem da Reuters o paleontólogo peruano Rodolfo Salar Gismondi.

O peso médio desta baleia Perucetus colossus (a "baleia colossal do Peru") foi estimado entre 180 e 199 toneladas, mas extrapolando a partir dos ossos maciços, os investigadores calculam que o peso do antigo cetáceo pode ir até às 340 toneladas.

A confirmar-se, pode ter sido mais pesada que uma baleia azul, mesmo que não fosse tão longa. A maior baleia azul moderna já registada pesava 190 toneladas segundo o Guinness World Records. Um recorde que supera até mesmo os dinossauros gigantes que desapareceram há milhões de anos.

“Há fortes probabilidades que alguns indivíduos tenham batido o recorde” da baleia azul, disse à AFP Eli Amson, coautor do estudo e paleontólogo do Museu Nacional de História Natural de Estugarda, na Alemanha.

Cabeça “ridiculamente pequena” num corpo colossal

O primeiro fóssil do Perucetus colossus foi descoberto em 2010 no deserto da costa sul do Peru pelo paleontólogo Mario Urbina.

"A descoberta mais estranha da minha carreira. Não sei se ouviram e eu saí pela janela de um carro a lutar com o condutor que não me queria levar para o local. E agora, aqui está o resultado. Mas acho que vou levar mais alguns anos para terminar de escavar este animal", contou à Reuters.

Um total de 13 vértebras gigantescas - uma das quais pesava quase 200 kg - foram encontradas no local, ao lado de quatro costelas e um osso do quadril.

Foram necessários vários anos e muitas viagens para recolher e preparar os fósseis e mais tempo ainda para a equipa de investigadores peruanos e europeus descobrir exatamente do que se tratava: uma nova espécie de basilosauridae, uma família extinta de cetáceos.

A família dos cetáceos atuais inclui golfinhos, baleias e botos. Os seus primeiros antepassados viviam na terra - alguns pareciam pequenos cervos. Com o tempo, migraram para a água e os basilosauridae foram os primeiros cetáceos a adotar um estilo de vida totalmente aquático.

Para se adaptarem a esta mudança (e para poderem armazenar mais energia em particular), estes mamíferos marinhos começaram a crescer, um processo evolutivo chamado gigantismo. Atingiram a massa corporal máxima 30 milhões de anos antes do estimado, de acordo com o estudo.

Como outros basilosauridae, o Perucetus colossus tinha uma cabeça "ridiculamente pequena" em comparação com o corpo, embora nenhum osso tenha sido encontrado para provar isso, explicou Eli Amson.

Os fósseis encontrados até agora estão em exibição no Museu de História Natural de Lima.

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