Europa

Nobel da Paz vai para Narges Mohammadi

O Prémio Nobel da Paz destaca ainda as “centenas de milhares de pessoas" que protestaram "contra as políticas de discriminação e opressão contra as mulheres do regime teocrático do Irão”, após a morte de Mahsa Amini.

Filipa Traqueia

Elsa Gonçalves

Vanda Paixão

Narges Mohammadi foi distinguida esta sexta-feira com o Prémio Nobel da Paz pela sua “luta contra a opressão das mulheres no Irão” e pela “promoção dos direitos humanos e liberdade para todos”. Este é a quinta e última distinção presente no testamento de Alfred Nobel e tem como objetivo homenagear pessoas e instituições que lutem pela paz a nível mundial.

A ativista tem vindo a promover a liberdade de expressão no Irão e o direito à independência que lhe trouxe “um custo pessoal tremendo”. Narges Mohammadi foi detida 13 vezes, tendo sido condenada em cinco. Recebeu uma pena de 31 anos de prisão - que está atualmente a cumprir - e 154 chicotadas.

Sob o lema “Mulher - Vida - Liberdade”, o Comité Nobel Norueguês destaca que “Narges Mohammadi é uma mulher, uma defensora dos direitos humanos e uma lutadora pela liberdade”. Este prémio pretende “homenagear a sua corajosa luta pelos direitos humanos, liberdade e democracia no Irão”.

O Prémio Nobel da Paz reconhece ainda as “centenas de milhares de pessoas que, no ano anterior, se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão contra as mulheres do regime teocrático do Irão”, avança ainda o Comité Nobel Norueguês.

A morte de Mahsa Amini, uma jovem iraniana que morreu sob custódia da chamada “polícia da moralidade” por, alegadamente, usar o hijab de forma incorreta, originou uma onda de protestos no Irão. O descontentamento levou às "maiores manifestações contra o regime teocrático iraniano, desde que este subiu ao poder em 1979". Mais de 500 manifestantes forma mortos durante os protestos e milhares ficaram feridos.

Narges Mohammadi junta-se aos 141 vencedores do Prémio Nobel, sendo a 19.ª mulher a receber esta distinção.

Em 2022, este galardão foi entregue ao ativista bielorrusso Ales Bialiatski, à organizações de defesa dos direitos humanos Memorial (Rússia) e ao Centro para as Liberdades Civis (Ucrânia). A organização destacou o trabalho dos três laureados na “promoção do direito à crítica do poder e a proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos”.

Este é o quinto e penúltimo Nobel a ser anunciado. Durante a semana foram conhecidos os Nobel da Fisiologia e Medicina, da Física, da Química e da Literatura. Na próxima segunda-feira será anunciado o da Economia (o único que não faz parte do testamento de Alfred Nobel).

Na Fisiologia e Medicina foram distinguidos Katalin Karikó e Drew Weissman pelo trabalho desenvolvido com RNA mensageiro. Já na Física o prémio foi para os investigadores Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L'Huillier que conseguiram criar "pulsos de luz de attossegundos”. Na área da Química Química, Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Ekimov receberam esta distinção pela “descoberta e síntese dos pontos quânticos".

Na quinta-feira foi anunciado que o Prémio Nobel da Literatura seria entregue ao escritor norueguês Jon Fosse pela suas “peças inovadoras e prosa que dão voz ao indizível”.

O último dos Prémios Nobel será anunciado na próxima segunda-feira (9 de outubro).

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