Julian Assange partiu esta quarta-feira como “um homem livre” do território norte-americano das Ilhas Marianas num avião rumo à Austrália. O fundador da Wikileaks chegou a acordo com os Estados Unidos e declarou-se culpado de espionagem. Em 2019, Assange foi condenado a 175 anos pela justiça norte-americana por violação da lei de espionagem. Para Germano Almeida, Assange "fez um favor ao Estado russo" e não deveria ser considerado "um herói da liberdade de expressão".
“Assange foi um veículo para que um traidor à pátria americana que foi na altura Bradley Manning, depois mudou de sexo e chama-se agora Chelsea Manning, que roubou enquanto era funcionário do Estado americano e milhares e milhares de documentos confidenciais (…) O WikiLeaks fez um favor aos russos quando roubou e fez divulgar os mails da campanha Hillary Clinton (…) e isso foi importante para a vitória do Trump, em 2016,” lembra o comentador da SIC.
O acordo entre Assange e a Justiça norte-americana implica uma pena de 62 meses de prisão, o período que o australiano já cumpriu na prisão de segurança máxima de Belmarsh, no Reino Unido. Assange aceitou ainda renunciar ao direito de apresentar recurso e comprometeu-se a destruir qualquer informação confidencial obtida pelo WikiLeaks.
“Foi importante sabermos dos abusos americanos em Guantánamo e na guerra do Iraque. Isso é tudo verdade, mas isso soa muito de há duas décadas, estamos noutra e Assange fez um favor, por exemplo, ao Estado russo e não nos enganemos, o inimigo do Ocidente não é o Governo americano, o inimigo do Ocidente é o Kremlin e o Partido Comunista Chinês, é o regime iraniano é o líder norte-coreano, que fez um acordo com com a Rússia (…) Nós temos que ter a perspetiva do que verdadeiramente são, nos nossos dias, os nossos inimigos”, realça.
Germano Almeida explica também que “estando preso há cinco anos e fora de território americano, tendo estado muitos anos na embaixada do Equador, em Londres, havia de facto algum interesse em chegar a um acordo. Há naturalmente uma vantagem do Estado americano pela questão da destruição dos documentos roubados e visto que estamos a tratar documentos altamente confidenciais e de interesse do Estado americano”.
Além disso, pesou também na decisão da Justiça norte-americana a confissão de Assange: “Para ser agora um homem livre para o tal acordo que faz com que a juíza ter dito que os 5 anos já estão cumpridos e teve que admitir que violou a lei de espionagem”, explica.
Questionado sobre a possibilidade de os Estados Unidos saírem a perder com este caso, Germano Almeida sublinha: “Assange é muito década passada, ou seja, nu não vejo Assange como um herói da liberdade de expressão, como tanta gente vê”.
A defesa do australiano solicitou que a audiência fosse realizada no arquipélago das Ilhas Marianas devido à sua proximidade com a Austrália e porque Assange não queria viajar para o território continental dos Estados Unidos.
Na análise à atualidade internacional, o comentador da SIC aborda ainda os últimos desenvolvimentos da guerra da Ucrânia, nomeadamente o recente mandato de captura para altas patentes russas por parte do Tribunal Penal Internacional e a possibilidade da eventual vitória de Donald Trump nas presidenciais vir a mudar o apoio norte-americano a Kiev.