Mundo

"Rebentaram com a nossa casa, só sobrou a chave", os relatos de quem sofre na guerra Israel-Hamas

A esmagadora maioria da população não terá uma casa para onde regressar. Antes da guerra, ou pelo menos entre guerras, Ibrahim Ahmed construía casas, agora faz sepulturas no cemitério de Rafah.

Sofia Arêde

Apesar de haver duas versões distintas sobre o que aconteceu no norte de Gaza durante a tentativa de distribuição de ajuda humanitária, há alguns factos que são conhecidos.

Um deles é que os camiões de apoio humanitário chegaram ao destino durante a madrugada desta quinta-feira. Apesar da hora, uma multidão convergiu para a zona e terá havido tentativa de saques.

De acordo com Telavive, as forças israelitas que estavam num posto de controlo, sentindo-se ameaçadas pela multidão em desordem, terão disparado.
Israel diz que os disparos provocaram 10 mortes e sublinha que dezenas de pessoas terão morrido vítimas do caos, muitas delas atropeladas pelos camiões de distribuição de ajuda.

O Hamas diz que as vítimas caíram atingidas pelos disparos de soldados israelitas.


Os acontecimentos desta madrugada vêm sublinhar as carências e desespero crescente da população de Gaza, sobretudo da que está no norte do território, onde por falta de condições de segurança, a ajuda chega a conta-gotas e a fome alastra.

No sul, sobretudo na zona de Rafah, onde se concentra agora a maior parte da população, a situação também é crítica, sobretudo, na cidade de tendas, onde desesperança alastra.

“Durante as tréguas, homens da nossa cidade enviaram-nos um vídeo da nossa casa. Rebentaram com ela. Só sobrou a chave”, contou um sobrevivente.

A esmagadora maioria da população não terá uma casa para onde regressar. Ibrahim Ahmed também é deslocado, sonha com a reconstrução. Antes da guerra, ou pelo menos entre guerras, construía casas, agora faz sepulturas no cemitério de Rafah.

De acordo com o último balanço de vítimas, desde 7 de outubro morreram em Gaza 30 mil pessoas e mais de 10 mil permanecem desaparecidas.

Últimas