Só esta segunda-feira foi possível chegar a Ighil por terra. A localidade que esteve no epicentro do sismo, em Marrocos, tem estado isolada . A SIC acompanhou a chegada da ajuda humanitária, um alívio no meio do caos.
Não é de todo seguro circular pela única estrada de acesso à aldeia. Os deslizamentos de terra são ainda constantes. As máquinas fazem o que podem, mas toneladas de terra e rocha continuam a desprender-se da montanha, impedindo o avance do resgate.
Arriscar uma alternativa só pelo curso seco do rio: três quilómetros de solavancos sobre pedras e desníveis.
Quando se regressa ao asfalto, há uma fila de viaturas à espera que o último troço até ighil reabra . Desde a noite do sismo que aqui ninguém passa.
“Tenho lá o meu irmão, filhos e mulher”
Mohamed veio de Agadir a pensar na recuperação dos corpos do irmão, da cunhada e dos sobrinhos. Sabe que a casa foi destruída por completo.
“Tenho um irmão que está debaixo dos escombros, debaixo da casa da minha família. Tenho lá o meu irmão, os meus filhos e a mulher”.
"Foram quatro dias em que não foi possível chegar por terra a Ighil. A via está a ser reaberta (…) Alguns familiares tentam chegar a a essa localidade", conta Conceição Ribeiro, jornalista da SIC no local.
Até esta segunda-feira de manhã, só os meios aéreos tinham chegado para resgatar os feridos possíveis.
Durante quatro dias a pequena povoação berbere, já de si isolada e empobrecida na aridez do grande atlas, esteve desligada de tudo.
Não há rede movel, água, luz, comida ou agasalhos para as noites frias da montanha. A chegada dos voluntários e socorristas foi um alívio mas envolta em caos.
Em Ighil, a maioria perdeu alguém
Só depois da ajuda chegar aos vivos, haverá tempo para olhar os mortos. Damhia aguarda que alguém consiga chegar aos seus e dá graças por estar viva.
"Tenho seis pessoas desaparecidas e a casa também ficou toda destruida. Eu ainda estou viva, graças a Deus".