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Exército nepalês retoma o controlo das ruas de Katmandu após protestos violentos

Os protestos, liderados pela geração Z, foram desencadeados pelo descontentamento com a desigualdade e corrupção e intensificados pelo bloqueio das redes sociais.

Cristina Neves

O exército nepalês retomou o controlo das ruas da capital, Katmandu, após violentos protestos que causaram pelo menos 25 mortos, mais de 600 feridos e deixaram um rasto de destruição em vários edifícios públicos.

Num cenário pós-apocalíptico, as ruas de Katmandu estão desertas, com o exército a patrulhar a cidade. Edifícios fumegantes e carros carbonizados revelam a brutalidade dos protestos que tomaram conta da capital nepalesa. O Parlamento, símbolo da voz do povo, foi parcialmente reduzido a cinzas após ter sido incendiado por uma turba de manifestantes enfurecidos.

A revolta da geração Z contra o governo foi desencadeada pelo descontentamento dos jovens, que, nascidos na era digital, recorreram aos smartphones e à internet para denunciar a gritante desigualdade entre as elites e o comum nepalês, assim como a corrupção instalada. A gota de água foi o bloqueio das redes sociais, que o governo alegou estarem a disseminar notícias falsas.

Milhares de famílias perderam o contacto com os que estão no estrangeiro, a maioria jovens que tentaram escapar à instabilidade económica, enviando dinheiro para casa.

Apesar do restabelecimento do Facebook, do X e do YouTube, e da demissão do Primeiro-Ministro, as sementes da revolta germinam.

"Eles governaram durante vários anos. Enganaram os pobres e gastaram o dinheiro dos cidadãos para o seu próprio benefício. Sinto-me triste com isso", afirmou um residente.
"Apesar das perdas, é uma revolução histórica que me despertou e aos meus compatriotas. Os tempos estão a mudar com a mudança no governo. Agora, os cidadãos terão a parte justa do que merecem", disse outro residente.

Com o recolher obrigatório em vigor, outro motim numa cadeia foi esmagado pelos militares.

Na segunda-feira, o líder da oposição nepalês, Rabi Lamichhane, foi libertado da prisão por uma multidão de manifestantes. Órgãos de comunicação nepaleses especulam que ele possa vir a ser candidato a Primeiro-Ministro, num eventual governo interino.

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