Carlos Nascimento e Hugo Alcântara formam uma das equipas de enviados especiais da SIC a Marrocos e relatam a realidade que se vive em Asni, uma aldeia fortemente afetada pelo sismo da passada sexta-feira.
No local onde os repórteres da SIC se encontram, e à semelhança de outras localidades marroquinas, muitas pessoas continuam a viver na rua e a passar as noites ao relento, naquele que é um local onde o período noturno é particularmente frio e húmido.
Nesta aldeia, praticamente todas as habitações “estão seriamente danificadas”, o que obrigou os habitantes locais a procurarem abrigos alternativos, que foram chegando através do exército e das autoridades marroquinas.
“Fazia falta que se visse outro tipo de movimentações”
Hugo Alcântara constata que o único trânsito visível nas estradas se deve ao fluxo de autocarros que transportam bens como colchões e cobertores, apenas. Nota que a maquinaria que serve para realizar trabalhos de remoção de destroços está parada em Asni.
“É estranho. Fazia falta que se visse outro tipo de movimentações, mas não se vê rigorosamente mais nada, tão pouco tempo depois de um evento desta dimensão”, refere.
O jornalista da SIC informa que no local onde se encontra estão posicionados vários veículos do exército de Marrocos, prontos a agir em caso de qualquer eventualidade. Acrescenta, que essas mesmas viaturas estão a auxiliar a povoação. No entanto, lamenta o facto de, à semelhança do que relatou a outra equipa de repórteres da SIC em Marrocos, composta por Conceição Ribeiro e Luís Silva, a busca e salvamento estar a acontecer "com burros e com mulas e nada mais”, isto porque o reino de Marrocos não está a aceitar ajuda internacional.
Número de mortos sobe para mais de 2.800
O balanço provisório do terramoto que atingiu Marrocos na sexta-feira à noite subiu para 2.862 o número de mortos e para 2.562 o de feridos, anunciou na segunda-feira o Ministério do Interior marroquino.
O tremor de terra, cujo epicentro se registou na localidade de Ighil, 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe, foi sentido em Portugal e Espanha, tendo atingido uma magnitude de 7,0 na escala de Richter, segundo o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos - o Serviço Geológico dos Estados Unidos registou uma magnitude de 6,8.
Este sismo é o mais mortífero em Marrocos desde aquele que destruiu Agadir, na costa oeste do país, em 29 de fevereiro de 1960, causando entre 12.000 e 15.000 mortos, um terço da população da cidade.