No dia seguinte à tragédia, muitas questões são levantadas quanto à segurança e até legitimidade da atividade turística que o Titan levava a cabo, nas inóspitas águas do Atlântico norte.
Uma simulação feita em computador ajuda a perceber os efeitos da pressão num submarino e pode ajudar a trazer luz ao mistério do Titan.
Algumas perguntas continuam por responder, outras já têm resposta. Sabe-se que o Titan sofreu uma “implosão catastrófica” que causou a morte de todos os cinco ocupantes, mas o porquê ainda está por desvendar.
Pode, no entanto, estar ligado à falta de regulamentação ou certificação do veículo para descida a profundidades de quase quatro mil metros.
“A nível técnico, uma das tecnologias que era única no submarino da OceanGate era ser feito de fibra de carbono. Nunca ninguém tinha construído uma câmara de pressão em fibra de carbono para estas profundidades”, explicou Will Kohnen, da Marine Technology Society.
Águas internacionais: uma “zona cinzenta”
A OceanGate, empresa norte-americana que comercializava a experiência da descida aos destroços do Titanic, aproveitava o vazio legal que a localização, em águas internacionais, proporciona.
“Em águas internacionais, é uma zona muito cinzenta. Temos regras, regulamentos e leis muito boas estabelecidas pela ONU, pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que abrange coisas como salvamentos,extração de minerais do fundo do mar e pesca, mas não abrange coisas como submarinos”, afirmou o oceanógrafo Simon Boxall.
“Há uma certa ironia. Neste momento, lado a lado no fundo do Atlântico, temos dois o Titanic e o Titan”, concluiu.
Foi justamente o naufrágio do Titanic na viagem inaugural, em 1912, que provocou, por exemplo, a regulamentação da navegação transatlântica de passageiros. Muitos esperam que a tragédia do Titan tenha o mesmo efeito para a exploração e turismo das profundezas.
A investigação ao acidente já começou, assim como a tentativa de recolha dos destroços, sem garantia de sucesso.