Na última semana, várias zonas da Grande Lisboa ficaram inundadas devido à forte precipitação. Esta quarta-feira, a capital voltou a acordar debaixo de água. Francisco Rocha, presidente da Escola Portuguesa de Salvamentos (EPS), lembra que as cheias em Lisboa não são uma situação nova e sublinha a importância de investir na formação da população para quando o nível de água começa a subir.
“A maior parte das zonas onde decorreram as cheias já é recorrente”, afirma em entrevista à SIC Notícias. “Não é algo de novo. Têm períodos de retorno que podem rondar os 10 anos, o que faz com que as pessoas e se esqueçam daquilo acontece e que não tenham medidas.”
Francisco Rocha lembra que, em zonas mais propícias à ocorrência de cheias, deve evitar-se ter “caves ocupadas com permanência humana” e que os cidadãos devem evitar ter “bens preciosos nas caves”. “Isto faz parte do conhecimento geral que as pessoas deviam ter”, acrescenta.
O presidente da EPS dá Inglaterra como um bom exemplo para a preparação da população em caso de inundações ou outros fenómenos meteorológicos. No país britânico são realizadas ações de sensibilização, formando os cidadãos para o que fazer caso tenham de abandonar as suas casa.
“A maior parte das famílias [portuguesas], infelizmente, não está preparada para abandonar as casas”, alerta. Quando a situação obriga a que os habitantes fiquem encurralados dentro de casa, deveriam saber “onde devem estar, o que devem ter em conta, quando têm mesmo de sair, os percursos a percorrer em caudal de cheia, como devem fazer”. "Isso infelizmente não faz parte da nossa formação”, acrescenta
Francisco Rocha lembra que há certas coisas que “temos de levar connosco” quando é necessário abandonar rapidamente as habitações e sublinha a importância de ter "malas de emergência".
“Estamos a falar dos nossos documentos pessoais, aquelas coisas que são essenciais para nós e até mesmo algumas coisas para o nosso conformo funcional – água, comida. A maior parte dos cidadãos portugueses não tem como espírito ter as chamadas malas de emergência e muitos países já incentivam as pessoas a ter.”