O relatório provisório da comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP conclui que não houve qualquer interferência ou ingerência do Governo. Sobre a demissão de Alexandra Reis, o documento, que foi publicamente apresentado esta quarta-feira pela deputada Ana Paula Bernardo, afirma que foi uma decisão exclusiva da ex-CEO Christine Ourmières-Widener.
“As audições acabaram por permitir densificar o relatório e confirmar, não só, pela nulidade do ato de despedimento, a renúncia por acordo relativamente a Alexandre Reis, como permitiram perceber qual tinha sido o papel central que a então CEO teve em todo este processo”, disse a redatora do relatório preliminar.
Para a comissão parlamentar de inquérito, apesar de haver uma vontade de “reconfiguração da comissão executiva por parte da CEO” da TAP, a tutela “acabou por dar o conforto político à decisão” de Christine Ourmières-Widener.
Além disso, Ana Paula Bernardo afirma que a comissão de inquérito apurou “que as Finanças não foram envolvidas” no processo de despedimento de Alexandra Reis, ficando só a saber “no momento final, quando houve a comunicação da TAP à CMVM”.
Afirma ainda que não há evidências materiais de interferência do Governo na gestão da TAP. Ana Paula Bernardo garante que, depois da saída de Alexandra Reis e a posterior nomeação para a NAV - Navegação Aérea de Portugal, não houve, também, interferência política.
Durante a comissão percebeu-se “que não houve registo de evidências com relevância material que evidenciam uma prática de interferência na gestão corrente da empresa por parte das tutelas”, afirma a redatora do documento.
“Mesmo as alegadas situações, que foram apontadas e que foram sendo discutidas, estão devidamente circunscritas, são explicadas no relatório e não qualificam uma prática de gestão”, acrescenta.
Ana Paula Bernardo diz ainda que mesmo na “a própria engenheira Alexandra Reis também refere que, nos cinco meses em que esteve na NAV, também não houve qualquer interferência ou ingerência política".