Jorge Seguro Sanches vai mesmo demitir-se da presidência da Comissão de Inquérito à TAP. A SIC sabe que a decisão está tomada, falta apenas acertar os timings da saída com o presidente da Assembleia da Republica, com quem já se terá reunido.
Em causa está um acumular de situações que Seguro Sanches considera inaceitáveis. Desde a pressão dos partidos da oposição e do próprio PS para alterar a agenda dos trabalhos, até à alegada tentativa da oposição de atrasar o calendário e a conclusão do inquérito.
A comissão devia terminar a 23 de maio, mas essa data já esta definitivamente comprometida.
Jorge Seguro Sanches tem feito saber que não admite ataques à sua honorabilidade e lembra também que, apesar da guerra política, a TAP é uma empresa publica de grande valor, que deve ser protegida.
Santos Silva ainda não recebeu pedido
O presidente da Assembleia da República revelou, porém, que até meio da manhã, não recebeu qualquer pedido de demissão por parte de Jorge Seguro Sanches.
No final da conferência de líderes, Augusto Santos Silva foi questionado pelos jornalistas sobre a notícia avançada pela SIC mas respondeu assim: “Não recebi ainda nenhum pedido de demissão que me deve ser apresentado. Se e quando vier e receber, pedirei ao partido que tem o direito, que está na sua vez, de designar o presidente da comissão que faça essa proposta".
Questionado sobre se já se teria reunido ou sido informalmente informado sobre esta demissão, Santos Silva disse que não funciona "na base de informalidade", nem revela reuniões com deputados.
"Estou desde as 10:30 fora do meu gabinete, às 10:29 não tinha chegado nenhuma correspondência nesse sentido", disse.
Ameaça já tinha sido feita ontem
Esta terça-feira, Seguro Sanches já tinha ameaçado abandonar o cargo, após mostrar-se desagradado pela forma como foi questionado o seu “papel no cumprimento do mandato”.
“A forma como foi questionado, de uma forma até deselegante, o meu papel no cumprimento do mandato da comissão leva-me a questionar se continuo a ter as melhores condições para o fazer”, declarou.
O debate sobre a grelha usada, que determina os tempos de intervenção nas audições, levou cerca de uma hora e meia. Alguns momentos mais tensos culminaram com o pedido do socialista Jorge Seguro Sanches para ser substituído na condução dos trabalhos pelo vice-presidente Paulo Rios de Oliveira, deputado do PSD.
Vários partidos criticaram a aplicação da grelha mais curta para as audições desta semana, numa altura em que serão ouvidos intervenientes importantes. É o caso de Humberto Pedrosa, empresário português que comprou a TAP com David Neeleman em 2015, que foi ouvido esta terça-feira.
Jorge Seguro Sanches considerou que não é depois de convocados e informados os depoentes que lhes deve ser comunicada uma alteração das regras. Acabou por abandonar os trabalhos na comissão para participar numa reunião de mesa e coordenadores, que o próprio propôs para analisar a questão.
"E desejo a todos bom trabalho que hoje já não estarei aqui. Estarei na reunião de mesa e coordenadores", disse, levantando-se depois para deixar a sala.
[Notícia atualizada às 14:18 com o esclarecimento de Augusto Santos Silva]