Rumo à Lua

China planeia explorar o polo sul lunar em busca de água e recursos

A China prepara-se para lançar a missão Chang'e-7 em 2026 e Chang'e-8 em 2028 com o objetivo de explorar o ambiente e os recursos do polo sul da Lua para a construção de uma futura base lunar.

Catarina Solano de Almeida

Ana Isabel Pinto

A China planeia lançar a missão Chang'e-7 em 2026 para explorar o ambiente e os recursos do polo sul da Lua, especialmente a eventual existência de água. A missão seguinte, Chang'e-8, testará tecnologias para a construção de habitats utilizando solo lunar.

Com duas décadas, o programa de exploração lunar da Administração Espacial Chinesa tem uma taxa de sucesso de 100% e está agora a avançar para a sua quarta fase, afirmou Wu Weiren, designer-chefe do Programa de Exploração Lunar Chinês, à China Central Television (CCTV).

A missão Chang'e-7 terá como alvo o polo sul lunar para procurar gelo em crateras permanentemente na sombra – um recurso essencial para sustentar a atividade humana a longo prazo - fornecendo água potável, oxigénio e combustível para foguetões.

Porque é que os polos lunares são estratégicos?

As principais potências espaciais estão a concentrar-se nos polos lunares devido às suas condições únicas, que se assemelham às da Terra.

No polo sul da Lua, algumas áreas recebem luz solar quase contínua durante mais de 100 dias, criando um ambiente favorável para a permanência humana.

"Esta característica estabelece as bases para a nossa exploração da Lua, porque permitirá aos seres humanos viver e trabalhar lá durante longos períodos. É por isso que estaremos à procura de água. Será que existe água nas crateras? Se assim for, seria uma grande descoberta e uma conquista monumental", afirmou Wu à Reuters.

Construção de uma base lunar de investigação

A missão Chang’e-8, prevista para 2028, irá realizar experiências para utilizar os recursos lunares no próprio local. Além de desenvolver sistemas de comunicação e energia, testará a possibilidade de construir uma estação de investigação na Lua.

Investigadores chineses desenvolveram "tijolos lunares" utilizando materiais que imitam a composição do solo lunar, uma descoberta que visa facilitar a construção de uma base internacional na superfície do satélite natural da Terra.

"Desenvolvemos agora o primeiro dispositivo do mundo que produz tijolos feitos de solo lunar. Este sistema aproveita a luz solar, recolhe a energia solar e transmite-a à Lua utilizando fibra ótica. Ao concentrar a luz solar, podemos atingir temperaturas entre 1.400 e 1.500 graus Celsius, o que é suficiente para derreter o solo lunar. O nosso dispositivo utiliza então tecnologia de impressão 3D para moldar o material fundido em tijolos de várias especificações. Esta abordagem permite-nos utilizar recursos encontrados na Lua, sem necessidade de transportar água e outros materiais da Terra", explicou Wu.

Uma vez validada, a tecnologia de fabrico de tijolos a partir do solo lunar será fundamental para a futura estação de investigação na Lua.

A Estação Internacional de Investigação Lunar da China já atraiu a participação de países como Egito e Bahrein.

“Espero que mais países, mais instituições internacionais de investigação científica e mais cientistas estrangeiros participem na construção do nosso projeto. Penso que, nos próximos 10 a 20 anos, a estação internacional de investigação lunar será o ponto de partida para levar o programa de exploração lunar a um nível superior”, concluiu Wu.

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