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O Universo em 2025: as missões espaciais que vão moldar o futuro

De missões lunares a lançamentos históricos e despedidas marcantes, 2025 será um ano cheio de aventuras espaciais.

Esta mancha do céu mostra inúmeras estrelas na nossa Via Láctea e muitas galáxias mais além. Graças às suas câmaras infravermelhas, Euclid capta as estrelas nas suas várias cores: as estrelas vermelhas são mais frias e as estrelas brancas/azuis são mais quentes. À direita da imagem, é visível o enxame de galáxias Abell 3381.
ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA, CEA Paris-Saclay

Catarina Solano de Almeida

Da NASA à ESA, passando pela ambiciosa China e a aspirante a potência espacial Índia, as agências espaciais preparam feitos inéditos para explorar os limites do nosso Universo.

O ano de 2025 promete momentos marcantes no espaço, com missões científicas e avanços que marcarão a História. Da corrida à Lua aos vários lançamentos do mais poderoso foguetão de sempre, o Starship, passando por despedidas emocionantes como a da sonda Juno, estes são alguns dos eventos espaciais esperados para este ano:

Várias missões à Lua

Janeiro será um mês especial dedicado à Lua, com várias missões robóticas destinadas a alunagens:

  • O módulo Blue Ghost, da Firefly, será lançado num foguetão SpaceX Falcon 9 em meados de janeiro, transportando 10 cargas úteis da NASA. O objetivo é explorar a bacia de impacto Mare Crisium durante duas semanas.

Pelo menos 25 voos da Starship

O megafoguetão da SpaceX, o maior e mais poderoso foguetão alguma vez construído, deverá realizar até 25 lançamentos em 2025.

Entre as demonstrações previstas está o acoplamento em órbita de duas naves para transferência de combustível e uma missão não tripulada do sistema de aterragem lunar (Starship Human Landing System) que será usado no programa Artemis 3 da NASA, previsto para 2027.

Estações espaciais privadas

À medida que a era da Estação Espacial Internacional chega ao fim, as estações espaciais comerciais estão prestes a crescer e a aparecer.

A startup Vast, com sede na Califórnia, planeia lançar o Haven-1num Falcon 9 em agosto. Este posto avançado acolherá uma tripulação de quatro pessoas durante 30 dias e servirá de base para a construção da futura Haven-2, uma estação espacial privada modular maior.

Adeus a Juno

Lançada em 2011, a missão Juno da NASA está na órbita de Júpiter desde julho de 2016. Após mais de uma década a explorar o gigante gasoso, em setembro Juno mergulhará na atmosfera do planeta. Este desfecho evita o risco de contaminação em luas como Europa, que poderá albergar vida.

Será um momento parecido com o do desaparecimento da sonda Cassini, que ardeu na atmosfera de Saturno em 2017.

Novos Mapas do Universo

O observatório SPHEREx, da NASA, será lançado em fevereiro. Este telescópio criará um mapa 3D de 450 milhões de galáxias e 100 milhões de estrelas na nossa Via Láctea.

A nave do tamanho de um carro será lançada num foguetão Falcon 9 da SpaceX da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia.

China quer recolher amostras de asteroide

A China alcançou uma série de marcos importantes no espaço nos últimos anos, construindo a sua própria estação espacial, recolhendo as primeiras amostras do lado oculto da Lua e aterrando em Marte, entre outros.

Agora quer realizar o seu primeiro projeto de amostragem de asteróides, com a missão Tianwen 2 planeada para ser lançada em maio num foguetão Long March 3B.

Tianwen 2 visitará o asteroide próximo da Terra Kamo'oalewa, numa missão que poderá determinar se o asteroide é na verdade um pedaço da Lua arrancado pelo impacto de um meteoro e abrir possibilidades para futuras missões chinesas de recolha de amostras de objetos no espaço profundo.

Índia aposta no programa de voo tripulado

A Índia pretende juntar-se à Rússia, aos Estados Unidos e à China como tendo capacidades independentes de voo espacial tripulado, com o seu programa Gaganyaan.

A Organização Indiana de Investigação Espacial (ISRO) está a planear um primeiro voo tripulado em 2026, mas em 2025 realizará importantes voos de teste, incluindo o voo não tripulado G1 que transportará um robô humanoide chamado Vyomitra (“amigo do espaço” em sânscrito).

Estreia de novos foguetões

O ano testemunhará também os voos de estreia de novos foguetões de todo o mundo - incluindo o Neutron da Rocket Lab, o RFA One da Rocket Factory Augsburg na Alemanha, o Zhuque-3 da Landspace na China , o Nova da Stoke Spacee o europeu Ariane 6.

A versão mais potente do novo foguetão europeu de carga pesada, o Ariane 6, deverá realizar o seu voo inaugural este ano, depois de vários atrasos. Com este novo foguetão será possível chegar à órbita terrestre e ao espaço profundo, o que facilita a navegação europeia, a observação da Terra, os programas científicos e de segurança.

Este lançamento será um marco importante para a Europa, para reforçar a sua independência e competitividade no mercado global de transporte espacial, essencial para missões científicas e comerciais.

Despedidas de missões científicas

Dois emblemáticos observatórios espaciais da ESA terminam as operações este ano:

  • Integral, o observatório de raios gama que desde 2002 tem investigado os fenómenos mais extremos do universo, como buracos negros e explosões de supernovas, encerra operações após mais de duas décadas de serviço.
  • Gaia conclui uma década a fazer um mapa das estrelas da Via Láctea mas os seus dados continuarão a alimentar estudos e descobertas.

Novas missões e dados promissores

Enquanto algumas missões terminam, outras começam:

  • O telescópio espacial Euclid, lançado em 2023, promete divulgar a sua primeira coleção de dados completos em 2025. Euclid tem como objetivo investigar como a matéria escura e a energia escura influenciam a formação e evolução do Universo como o conhecemos eresolver alguns dos maiores mistérios do cosmos. Durante os próximos seis anos, Euclid vai analisar as formas, distâncias e movimentos de milhares de milhões de galáxias até 10 mil milhões de anos-luz. O objetivo é criar o maior mapa cósmico tridimensional jamais feito, permitindo aos astrónomos estudar a evolução do Universo ao longo de milénios.
  • A ESA também lançará novos satélites no âmbito do programa Copernicus, incluindo o Sentinel-4, integrado num satélite Meteosat de última geração, o Sentinel-5, que monitorizará a atmosfera terrestre, Sentinel-1D, Sentinel- 6B e Biomass.
  • A missão SMILE (Solar Wind Magnetosphere Ionosphere Link Explorer), uma parceria com a Academia Chinesa de Ciências, irá estudar como o vento solar interage com o campo magnético da Terra.
  • A ESA dá início ao programa europeu Launcher Challenge para apoiar o desenvolvimento da indústria europeia de transporte espacial comercial.
  • Nos voos espaciais tripulados, o astronauta polaco do projeto ESA, Sławosz Uznański, voará para a ISS na missão comercial Axiom-4.

A ESA está também presente no projeto Artemis de regresso à Lua. Artemis II será lançado com o segundo Módulo de Serviço Europeu, na primeira missão tripulada em torno da Lua desde 1972.

Missões em curso

Além de todas estas missões programadas para lançamento (ou fim) em 2025, haverá também uma série de voos a diversos corpos planetários por missões em curso:

  • BepiColombo que vai sobrevoar Mercúrio,
  • Europa Clipper , lançada a 14 de outubro de 2024, numa viagem para explorar Europa, o mundo oceânico de Júpiter.
  • A missão europeia de defesa planetária Hera
  • Lucy que explora asteroides na cintura principal de asteroides do sistema solar
  • JUICE sobrevoa Júpiter e as suas luas geladas.
  • Sonda Solar Parker que está às voltas com o Sol

Sem esquecer as atividades já regulares de idas e vinda à Estação Espacial Internacional e à estação espacial da China Tiangong.

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