Olhares pelo Mundo

Investigação com células humanas no espaço para revelar segredos do envelhecimento

Amostras de tecido humano foram para a Estação Espacial Internacional para os cientistas estudarem o envelhecimento no espaço e encontrarem resposta para quem está em terra.

Catarina Solano de Almeida

Ana Isabel Pinto

Amostras de tecido humano do do Laboratório de Inovação Espacial (SIL) da Universidade de Oxford estão em órbita na Estação Espacial Internacional (ISS), numa experiência pioneira que visa compreender porque o processo de envelhecimento se acelera em microgravidade.

O objetivo é explorar como a ausência de gravidade pode ajudar os cientistas a estudar, em tempo real, o envelhecimento celular, comparando tecidos cultivados no espaço com células idênticas mantidas na Terra.

“Trabalhamos na fronteira entre o espaço e a biologia”, disse Ghada Alsaleh, investigadora principal do projeto, em entrevista à Reuters.

As amostras, constituídas por organoides – miniaturas de órgãos humanos cultivados em laboratório –, estão alojadas num cubo autónomo com apenas alguns centímetros de comprimento. Este laboratório independente liga-se diretamente da ISS ao laboratório em Terra, permitindo o envio e recolha de dados em tempo real para Oxford, sem necessidade de intervenção dos astronautas.

“Podemos estudar como a microgravidade afeta o envelhecimento e os seus impactos no organismo, sem o envolvimento dos astronautas”, referiu Alsaleh.

Décadas de exploração espacial já demonstraram que a microgravidade pode acelerar o declínio da densidade óssea e enfraquecer o sistema imunitário.

A equipa de Oxford espera que as descobertas ajudem não só os astronautas a manterem a saúde em missões prolongadas, como também contribuam para combater problemas relacionados com o envelhecimento na Terra, como a osteoporose e a imunossenescência (declínio do sistema imunitário).

“Embora este trabalho tenha um impacto direto nas missões espaciais, o nosso verdadeiro foco está em melhorar a saúde das pessoas na Terra”, destacou Alsaleh.

A investigadora sublinha por isso a urgência de encontrar soluções para os efeitos do envelhecimento, especialmente com a crescente ambição de enviar humanos para Marte e mais além.

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