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Moscas-da-fruta em órbita: China investiga efeitos da microgravidade nos seres vivos

Astronautas da estação espacial Tiangong vão avaliar os impactos combinados da microgravidade e dos campos submagnéticos nos organismos vivos.

xia yuan

Catarina Solano de Almeida

Os astronautas chineses na estação espacial Tiangong têm novos companheiros para supervisionar. As moscas-da-fruta vão ser estudadas para determinar como crescem e como se comportam em microgravidade para realizar investigação em áreas como a genética e a neurociência.

Os pequenos viajantes espaciais chegaram à estação espacial chinesa no dia 15 de novembro, a bordo da missão de reabastecimento Tianzhou 8.

As moscas-da-fruta, incluindo 15 exemplares adultos e 40 pupas, são parte de um estudo pioneiro que visa compreender os efeitos combinados da microgravidade e da ausência de campos magnéticos nos seres vivos. Os investigadores procuram respostas sobre como estas condições afetam o crescimento, o comportamento e os ritmos biológicos dos organismos.

"Esta experiência submagnética no espaço com moscas-da-fruta visa estudar os mecanismos moleculares das moscas em ambientes de microgravidade e submagnéticos, assim como as suas características de movimento e possíveis alterações nos seus ritmos biológicos", explicou Zheng Weibo, investigador do Instituto de Física Técnica de Xangai da Academia Chinesa de Ciências, à China Central Television (CCTV).

De acordo com Zheng, citado pela Space.com, esta é a primeira experiência científica a avaliar os impactos combinados da microgravidade e dos campos submagnéticos nos organismos vivos.

Análises posteriores em Terra

Li Yan, responsável pelo projeto, explicou que amostras congeladas das moscas-da-fruta serão trazidas de volta à Terra para serem comparadas com amostras que permaneceram no planeta.

As moscas-da-fruta têm uma longa história de colaboração científica nos voos espaciais. Frequentemente utilizadas em estudos genéticos devido ao seu curto ciclo de vida e rápida capacidade de reprodução, foram os primeiros seres vivos a serem enviados ao espaço, em 1947, para estudar os efeitos da radiação cósmica. Mais recentemente, em 2015, foram utilizadas na Estação Espacial Internacional para investigar como o corpo humano combate infeções.

As ambições espaciais da China

A estação espacial Tiangong, tripulada por equipas de três astronautas que se revezam a cada três ou seis meses, é a joia da coroa do programa espacial da China. O seu módulo central foi lançado em 2021 e deverá ser utilizado durante cerca de dez anos.

Pequim afirma que está no bom caminho para enviar uma missão tripulada à Lua até 2030, onde planeia construir uma base.


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