Foram centenas, senão milhares, os palcos que Sérgio Godinho pisou ao longo de mais de 50 anos de "saltimbanco" como o próprio se apelida.
Começaram em 1965, quando decidiu mudar-se para Genebra e dividir as canções com a psicologia. Com "Os Sobreviventes", descreve a vida de muitos que tentavam contrariar um regime.
"As minhas canções são de género. Nunca gostei da expressão 'canções de intervenção'. As minhas canções falam da vida, têm um conteúdo mais social, de interrogação, de viagem, de criação de personagens, um olhar múltiplo sobre a vida. Não consigo ter uma etiqueta para mim mesmo e ainda bem."
Um trabalho que tem feito ao longo de dezenas de álbuns e colaborações com contemporâneos como José Mário Branco ou Jorge Palma, mas também com gerações mais recentes como Capicua ou A Garota Não, mas também através da literatura e do teatro.
A celebrar 80 anos, Sérgio Godinho foi distinguido com a Medalha de Honra da Cidade do Porto, onde nasceu e cresceu.
"Sinto-me reconhecido, estou bem com isso, não tenho nenhuma atitude de recusa. Acho que as pessoas devem ser homenageadas enquanto estão em atividade. Reconheço isso com gratidão."
Uma banda desenhada ou ainda um livro de fotografias homenageiam o músico, que, durante o mês de setembro, vai levar ao público a liberdade que tem vivido ao longo de 80 anos.
"Eu vivo através da cultura e gosto dos outros criadores. Acho que não há barreiras entre as artes. O que é a canção senão uma arte que conjuga duas formas de expressão: as palavras e a música? É nesse reencontro que eu me encontro."