“Salvei o casamento de um jogador”
Sem revelar o clube ou a identidade do futebolista, Cajuda lembra a situação: “Um jogador levou uma mulher para estágio. Eu soube e fui falar com o presidente porque tinha de haver um castigo. Só que precisava dele para jogar no dia seguinte e não podia deixá-lo de fora.”
Em conjunto com a direção, ficou decidida uma multa: “Disse-lhe que íamos tirar-lhe 50% do salário e ele disse que não. E eu respondi: ‘Ok, então vou contar à tua mulher’. A reação dele mudou logo.”
Então, Manuel Cajuda explicou que a multa se iria manter, mas feita de forma faseada “para que não falte dinheiro em casa e a mulher não desconfie”.
“Resultado, salvei um casamento e fiquei com o jogador na mão até final da época”, lembra, entre risos.
“Nunca escondi o meu benfiquismo, tive oportunidade de treinar o Benfica, mas na altura recusei”
“Houve uma fase em que os meus colegas de profissão tinham muitos problemas em assumir qual era o seu clube. Sempre fui independente e isso nunca foi um problema para mim”, revela Manuel Cajuda que nunca escondeu ser adepto do Benfica, mesmo quando estava noutros clubes que defrontaram as águias.
Num desses momentos, ao serviço do Vitória, levou a equipa de Guimarães à Luz, venceu, e no final voltou a lembrar o seu benfiquismo: “A mentira só vence quando a verdade não se pronuncia.”
Cajuda lembra que, durante a sua passagem pelo Marítimo, teve oportunidade de treinar o Benfica, mas preferiu recusar:
“Naquela altura, o Benfica era um cemitério de treinadores. Senti que não era o momento. Além disso, preferi sempre o lado familiar e sei bem que iria privar a família da minha companhia se aceitasse um cargo dessa dimensão. Treinador de equipa grande entra num clube às 7h e sai à noite. Podem dizer que fiz mal, mas fui sempre um treinador feliz com as minhas escolhas.”
“No Braga, baixei as calças e disse aos jogadores: ‘Se quiserem comer-me, comam-me agora’. Eram formas de motivar a equipa”
Nos momentos de transmitir uma mensagem aos jogadores, os treinadores nem sempre optam por falar de forma calma.
Manuel Cajuda admite que a sua experiência era adaptar a mensagem às diferentes situações.
“Um dia fui para o treino da manhã de fato e gravata e para o treino da tarde de fato de macaco. Foi para mostrar que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”, diz, lembrando que tudo aquilo que fazia e dizia tinha um propósito.
Certa vez, no Braga, Manuel Cajuda sentiu a necessidade de ser ainda mais gráfico no intervalo de um jogo que a sua equipa não estava a ter o melhor rendimento: “Baixei as calças e disse aos jogadores que me se quisessem comer para o fazerem ali porque não tinham outra oportunidade.”
Manuel Cajuda recorda que mesmo essa parte tinha o propósito de despertar a equipa e melhorar a produção: “Eram formas de motivar os jogadores.”