Ontem Já Era Tarde

Pedro Henriques: "Fui assinar pelo FC Porto e Pinto da Costa deu-me uma almofada do Benfica para me sentar"

Das passagens por Benfica e FC Porto aos muitos anos de comentário desportivo, passando por uma breve incursão no imobiliário, Pedro Henriques à conversa com Luís Aguilar no regresso do Ontem Já Era Tarde.

Luís Aguilar

Passou por clubes como Benfica, FC Porto, Belenenses, Vitória de Setúbal, Santa Clara ou Académica e representou a seleção nas camadas jovens, incluindo o Mundial de sub-20. Após a carreira, teve uma breve incursão no imobiliário e não previa voltar ao futebol. Mas tudo mudou com um convite da SportTV para comentar salários em atraso — tema que conhecia bem. A experiência correu bem e a televisão tornou-se caminho sério. Após 17 anos como comentador na SportTV, juntou-se à equipa de análise desportiva da SIC Notícias.

"No Benfica, confrontei um jornalista que me culpou por um golo quando já nem estava em campo"

Durante a carreira, viveu episódios marcantes. No Benfica, confrontou um jornalista que o culpou por um golo sofrido... quando já nem estava em campo.

"Já tinha sido substituído. Pensei que ele era maluco ou mau caráter." Passado algum tempo, encontrou-o e abordou-o: "Perguntei se tinha algo contra mim. Ele respondeu: 'Não, tenho muita admiração por si.' Quando dizem isso, normalmente é mentira. Era daqueles que criticava sem avaliar."

"No Benfica vi o Schwarz dar uma chapada ao César Brito. Era normal haver pegas"

Desentendimentos nos treinos fazem parte do futebol. Quem o diz é Pedro Henriques, antigo defesa do Benfica, que recorda um episódio marcante na antiga Luz.

"Certa vez, o sueco Schwarz não gostou de uma entrada do Hernâni e reagiu. Depois veio o César Brito em defesa do Hernâni e o Schwarz deu-lhe logo uma chapada. Aí estalou a confusão", conta o ex-jogador. Na altura, o plantel tinha várias nacionalidades. "Os russos, Yuran e Kulkov, ficaram do lado do Schwarz. Outros, do lado do César Brito."

O treino era à porta aberta e o treinador, Toni, ficou visivelmente incomodado. "Faço um treino aberto e há logo confusão", recorda Pedro Henriques.

Apesar disso, garante que esse tipo de episódios não afetava o desempenho da equipa. "Estas situações podiam acontecer, mas quando começava o jogo éramos todos uma verdadeira equipa." O ex-jogador acredita que estes episódios são comuns e até reveladores da competitividade no balneário.

"Às vezes dizem-me: 'Ah, houve um treino em que os jogadores se pegaram.' Isso é normal. Vi várias vezes o Mozer perder a cabeça com um colega e o Toni mandá-lo para o banho mais cedo", revela, com naturalidade.

Pedro Henriques, hoje comentador na SIC Notícias, recorda os bastidores de um Benfica competitivo, com personalidades fortes e treinos intensos, mas onde, garante, "quando era a sério, estavam todos juntos".

"Fui assinar pelo FC Porto e Pinto da Costa deu-me uma almofada do Benfica para me sentar"

Na época 1996/97, após várias temporadas na equipa principal do Benfica, rescindiu contrato para pode jogar com maior regularidade e tinha a situação bem encaminhada com Portsmouth, de Inglaterra. O negócio caiu porque FC Porto apareceu. Pinto da Costa soube que Pedro Henriques estava livre e avançou. "Disse-me que gostava muito de mim, porque tínhamos eliminado o Porto da Taça de Portugal e eu joguei bem."

Depois, o episódio insólito. "Veio ter comigo e deu-me uma almofada daquelas de estádio… mas do Benfica." Sem saber como reagir, ouviu: "Toma lá, para sentares o teu rabo." O presidente explicou: “O fornecedor enganou-se e mandou almofadas do Benfica. Não as paguei, mas servem para a malta se sentar.”

“Ronaldo e Messi que me perdoem, mas Maradona foi o melhor de sempre”

É quase obrigatória perguntar a alguém que fez toda a carreira como lateral-esquerdo quem foi melhor? Madini ou Roberto Carlos. Pedro Henriques não tem dúvidas: "Roberto Carlos. O Maldini era o melhor defesa, mas o Roberto Carlos era uma coisa do outro mundo. Defendia bem e a atacar era espetacular. O baxinho era uma máquina.

Sobre o melhor jogador de sempre, para Pedro Henriques é um assunto que também não tem debate: “Maradona, não há história. Eu nasci em 1974 e víamos pouco do Maradona. E no tempo dele, os defesas era canela até ao pescoço. Claro que Ronaldo e Messi estiveram muito tempo no topo, mas que me perdoem. Quem viu jogar Maradona, não há para mais ninguém.”

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