Atualmente, a SIC, Eurosport e Rádio Renascença são algumas das casas onde podemos vê-lo e ouvi-lo. Veio para Portugal em 1995 por amor.
“Quando cheguei não conhecia nada do país nem sabia falar a língua. Vim com uma namorada que era portuguesa.”
Começou por viver num abrigo de pessoas invisuais. “Era a forma de ter um sítio onde dormir nesses primeiros tempos.” Ajudava-os em todas as tarefas e ainda hoje fica emocionado quando recorda esse período: “Há uma música de Tony Carreira que eles ouviam muito. Tony Carreira não está nos meus gostos musicais, mas não consigo ficar indiferente quando passa aquela música”, diz com as lágrimas a saltar dos olhos.
O amor por uma mulher cedo deu lugar ao amor por um país que primeiro estranhou e depois se entranhou. De lá para cá, passaram 30 anos.
“Estou profundamente apaixonado por Portugal e chegou a altura de casar”, garante Olivier.
Está neste momento a tratar do pedido de nacionalidade portuguesa, mas tem sido um processo travado por muitas barreiras burocráticas. “Sou contra a lei que diz que passados cinco anos podes pedir nacionalidade. Acho que cinco anos não chegam para te sentires português. Por isso, não pedi antes.”
Olivier partilha a sua própria experiência para justificar esse seu desejo agora: “Vivi aqui como francês e, ao abrigo da União Europeia, tenho os mesmos deveres e direitos de um cidadão português. Mas ser português é outra história. Não é um simples papel. Ser português é casar-se com uma história. Muita coisa mudou nestes anos. Portugal está a tornar-se um país menos tolerante. Há coisas que gosto e outras que não gosto, mas amo este país e quero morrer aqui.”
“Irrita-me a memória curta em relação a Platini”
O pai de Olivier Bonamici celebrou a vitória da França no Euro’84 ficando nu e mostrando o rabo. Em 1998, já a viver em Portugal, Olivier Bonamici fez a mesma coisa quando os franceses se sagraram campeões do mundo. Essas duas conquistas estão entre as grandes glórias desportivas para o jornalista.
Não gosta muito de fazer distinções entre Zidane ou Platini, mas fica agastado com a forma seletiva com que se analisa este último: “As pessoas confundem muito o Platini presidente da UEFA com o Platini jogador de futebol. Foi um mau presidente da UEFA, mas isso nada tem a ver com o que jogava. Zidane deu uma cabeçada em Materazzi e é o menino querido.
No debate entre qual dos dois foi o melhor, prefiro escolher Platini só para irritar aqueles que ficam do lado de Zidane e têm essa memória curta.” Roberto Baggio é outro dos heróis futebolísticos de Olivier Bonamici.
“Sou adepto da Fiorentina pelo lado italiano da minha família e ainda me lembro do Baggio a jogar na Fiorentina. Tinha aquele tempero que só os grandes artistas conseguem ter.”
“Nunca me deixei enganar por Lance Armstrong. Não suporto pessoas que dão lições de moral”
Olivier Bonamici acompanha o ciclismo há várias décadas. É uma das suas modalidades preferidas e não ficou indiferente a todo o escândalo de doping a envolver Lance Armstrong.
“Sempre desconfiei dele. Não suporto pessoas que dão lições de moral. Por norma, são as piores. Toda a publicidade que ele fez da forma como ultrapassou o cancro. Achei até um desrespeito para com as pessoas que sofriam e sofrem de cancro.”
Bonamici defende que todos podem errar, mas que o maior problema em Lance Armstrong era fazer uma coisa e defender outra. “Nem sei como este homem ainda tem a lata de comentar ciclismo. Vi logo o aldrabão que ele era.”
Em sentido inverso, Bonamici dá o exemplo de Maradona: “Consumiu droga, foi apanhado, mas assumiu o seu erro, não andou por aí a dar lições de moral.”