O Reino Unido juntou-se esta quarta-feira ao apelo das Nações Unidas por uma investigação independente às mortes ocorridas nos postos de distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Entretanto, a entrega de alimentos à população foi suspensa.
A decisão surge após três dias marcados por episódios de extrema violência durante as operações de distribuição, que terão provocado dezenas de mortos. A suspensão da ajuda foi confirmada pela fundação responsável pela missão no terreno, que justificou a medida com questões de segurança.
Entretanto, as forças israelitas anunciaram que as estradas que conduzem aos pontos de abastecimento passam a ser consideradas zonas de combate. A população do enclave — de onde ninguém entra ou sai sem autorização de Israel — encontra-se agora ainda mais isolada, com acesso a menos recursos.
A fundação, criada pelo governo de Benjamin Netanyahu e apoiada por Washington, afirma que o objetivo é alargar e tornar mais segura a distribuição de ajuda humanitária. Porém, as Nações Unidas continuam a descrever a resposta humanitária como “desastrosa”.
A ONU voltou a apelar a Israel para que levante o bloqueio e permita às agências humanitárias retomar o trabalho em Gaza, numa altura em que a fome ameaça sobretudo os mais vulneráveis. O secretário-geral António Guterres sublinhou a urgência de um inquérito independente aos incidentes mortais dos últimos dias.
A suspensão da ajuda humanitária é mais uma provação no calvário de milhares de famílias palestinianas.
Em entrevista à BBC, a presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha descreveu Gaza como “um lugar pior do que o inferno”, onde já se ultrapassaram todos os limites do que é legal e moralmente aceitável.