A queda do Governo aconteceu numa sessão inédita de cinco horas no Parlamento. Em plena Assembleia, o Governo tentou negociar com o PS. Apresentou várias propostas para limitar a comissão de inquérito à empresa da família do primeiro-ministro. Os socialistas não aceitaram e acabaram por confirmar a queda do Governo um ano e um dia depois.
Os entendimentos que não se conseguiram antes do debate da moção de confiança foram ensaiados pelo primeiro-ministro, que colocou a responsabilidade no PS. O PS não desiste. O Governo insiste numa conversa a dois e pede a interrupção dos trabalhos.
Não há reunião privada, mas nos bastidores as conversas telefónicas repetem-se, sem que Pedro Nuno Santos responda à chamada do Governo que tem um novo desafio.
Um não a que se junta o não do Chega, embora André Ventura ainda tenha tentado um acordo. O debate confirmou o que já tinha sido anunciado: esquerda contra, Iniciativa Liberal a reforçar a confiança.
Também ao lado do Governo, e esgotado o tempo de debate, o partido mais pequeno da coligação que suporta o Governo pediu mais tempo.
Os trabalhos foram suspensos durante uma intensa hora de contatos e contrapropostas.
O Governo sugeriu ainda uma CPI em 60 dias, mais tarde 80, a terminar a 30 de maio.
Mas a rejeição anunciada acabaria por se confirmar. O Executivo de Luís Montenegro caiu, depois da rejeição da moção de confiança.