Um medicamento utilizado no tratamento para a covid-19, o molnupiravir, pode estar a criar novas variantes com mutações distintas, surgere a revista New Scientist. No entanto, nenhuma das variantes será preocupante. Alguns especialistas consideram que o uso do medicamento tem mais riscos do que benefícios. No entanto, entidades reguladoras que aprovaram o medicamento para o tratamento do SARS-CoV-2 dizem que ainda não há evidência científica consistente.
Uma análise a 15 milhões de vírus sequenciados em todo o mundo encontrou cerca de 900 com "padrões distintos de mutação". Terão surgido de pessoas tratadas com o medicamento, de acordo com a New Scientist. Em alguns casos, parece que se propagou da pessoa tratada para outras pessoas.
"O sinal é bastante claro e não há variantes preocupantes", refere Theo Sanderson, do Instituto Francis Crick, em Londres, citado pela New Scientist.
Nos países que começaram a usar o medicamento em 2022, registou-se um aumento do número do vírus com variantes distintas. O investigador reforça que as sequências "era muito mais prováveis" em países que usam molnupiravir.
No entanto, Martin Nowak, da Universidade de Harvard, refere, citado pela revista:
"Será que o tratamento gera mais mutações novas na população do que o não tratamento?", questiona, acrescentando que a resposta é "não".
"Pouco fequentes", diz empresa que fabrica o medicamento
A Merck, empresa que fabrica o molnupiravir, diz que se trata de um estudo com "associações circunstanciais":
"Os autores assumem que estas mutações foram associadas à propagação viral a partir de pacientes tratados com molnupiravir sem provas documentadas dessa transmissão. Além disso, eram pouco frequentes e estavam associadas a casos esporádicos", afirma um porta-voz da Merck.
"Existem algumas incertezas", refere FDA
A Food and Drug Administration (FDA), entidade reguladora do medicamento dos Estados Unidos, refere que ainda não foi estabelecida uma relação.
"Embora seja plausível que o uso possa contribuir para os padrões de mutação nas sequências do SARS-CoV-2, existem algumas incertezas", refere, de acordo com a revista.
Alguns especialistas defendem que o risco de os medicamentos gerarem novas variantes é superior aos seus benefícios. No entanto, entidades reguladoras, incluindo dos Estados Unidos e Reino Unido, aprovaram o molnupiravir para o tratamento da covid-19.