O objetivo é que depois desta Consulta Aberta deixem de ser uma novidade, porque, apesar de ser um grupo de doenças raro, tem um grande impacto na qualidade de vida, e sabemos que um diagnóstico precoce faz toda a diferença.
Estima-se que estas doenças afetem cerca de 6 a 70 em cada 100 mil pessoas, mas destas apenas uma pequena porção pode desenvolver fibrose pulmonar. Vamos por passos.
Primeiro, o que é a fibrose pulmonar?
Fibrose é o termo médico usado para um processo de cicatrização habitualmente excessiva, em resposta a uma lesão, inflamação ou doença. Chamamos-lhe fibrose porque esse tecido cicatricial é feito de fibras, como o colágeno, por exemplo.
A fibrose pode acontecer em vários órgãos ou tecidos. Na cirrose, que é uma doença do fígado, há fibrose hepática - ou seja, cicatrização excessiva do fígado - e na fibrose pulmonar há fibrose no pulmão.
E porque é que isto é mau?
Porque quando o tecido fica fibroso, deixa de conseguir desempenhar as suas funções. No caso do pulmão o tecido fica mais rijo, tem menor capacidade de se mover ao respirar, e fica menos eficaz a fazer aquilo que é suposto: trocas de oxigênio e dióxido de carbono. Os baixos níveis de oxigénio vão por sua vez levar a sintomas como sensação de falta de ar, cansaço, entre outros.
Este processo não acontece de um dia para o outro, é uma doença crónica e progressiva. Em relação à causa, nem sempre é identificada. Sabemos que, em muitas situações, é uma resposta à inflamação, mas essa inflamação pode ter diferentes causas. O que conseguimos observar é que acontece em muitos tipos das tais doenças pulmonares intersticiais. Intersticiais porque afetam a rede de tecidos dos pulmões.
As causas
As causas podem incluir o uso prévio de determinados medicamentos, a exposição à radioterapia na zona do peito, a exposição ambiental a fatores de risco como bolor ou animais, pode ter uma origem autoimune, ou ocupacional, por exemplo em trabalhadores expostos de forma recorrente a pós, fibras e fumos.
Quando não é possível associar uma causa, chama-se fibrose pulmonar idiopática.
Sei que esta explicação é complexa mas o que quero que saiba é: primeiro - que é um processo de cicatrização no pulmão; depois, que essa cicatrização é irreversível mas podemos atrasar a sua progressão, e, por fim, que é importante reconhecer os sintomas e fazer um diagnóstico o quanto antes.
Os sintomas, o diagnóstico e o tratamento
Os sintomas incluem fadiga, perda de peso não intencional, falta de ar, tosse seca e persistente, e dedos em baqueta de tambor. O diagnóstico faz-se com base na história clínica, na auscultação e em meios complementares de diagnóstico, pedidos idealmente por um pneumologista.
O tratamento varia de caso para caso, mas essencialmente o que queremos é atrasar a progressão da doença, e garantir que temos a menor quantidade de cicatrização possível.
Existem atualmente algumas terapêuticas que podem prevenir ou atrasar este processo. Adicionalmente, pode ser preciso suporte com oxigénio, reabilitação pulmonar, ou, em casos mais raros, o transplante pulmonar.
Viver com fibrose pulmonar
Manter um estilo de vida saudável, não fumar, manter-se ativo e ter uma alimentação equilibrada também pode ter um impacto positivo na doença.
É provável que esta seja a primeira vez que ouve falar em fibrose pulmonar. Por isso não me vou prolongar com a parte teórica, se quiser saber mais pode aceder ao site vivercomfibrosepulmonar.pt, onde têm acesso a um manual com muita informação útil sobre esta doença e como viver com a mesma.
Para além disto, não se esqueça de valorizar os seus sintomas e falar com o seu médico caso reconheça algum deles.