Conflito Israel-Palestina

"Cessar-fogo não significa paz": UE apela a uma pausa humanitária em Gaza

"Falamos imenso da guerra e esquecemo-nos muitas vezes de olhar para a paz. O cessar-fogo não significa paz", explica Mónica Dias, comentadora da SIC.

SIC Notícias

O Conselho Europeu reúne-se esta quinta-feira, em Bruxelas, para debater a situação no Médio Oriente. Portugal é um dos países europeus que defende um cessar-fogo humanitário no conflito entre Israel e o Hamas, mas o assunto não reúne o consenso dos 27. O presidente do Conselho já apelou aos líderes da União Europeia para tomarem uma posição sobre a crise humanitária em Gaza e reforçou o apelo para uma pausa que permita a entrada de ajuda. A comentadora da SIC Mónica Dias considera que será difícil os 27 chegaram a um acordo, mas talvez se consiga alcançar um consenso.

"Falamos imenso da guerra e esquecemos muitas vezes de olhar para a paz. O cessar-fogo não significa paz, a paz tem que ser sustentável e tem que estar aliada a ideias de justiça e também não só de sobrevivência, mas também de alguma liberdade", começa por referir Mónica Dias, na análise à crise no Médio Oriente.

"Neste momento tudo está a falhar, neste momento temos que dizer que o conflito a que estamos a assistir agora é um conflito de décadas e, na verdade, não há uma paz sustentável nesta região há muitas décadas", explica a professora de Estudos Políticos.

Mónica Dias sublinha que "há um escalar do conflito e ao longo dos dos últimos 20 anos, que não foram caracterizados por uma guerra direta, mas também não houve paz".

Varios países como a Alemanha, Austria, Letónia ou República Checa consideram que é contraproducente falar publicamente em cessar-fogo ou mesmo pausa e alegam que este ainda é o momento de Israel se defender.

A especialista em Estudos Poíticos sublinha que um acordo sobre um cessar-fogo em Gaza para a entrada de ajuda humanitária é complexo e difícil de alcançar.

"Ontem tivemos duas tentativas de chegar acordo no Conselho de Segurança e obviamente, o Conselho de Segurança está um bocadinho condicionado pelo veto e, aliás, as Nações Unidas estão bloqueadas já há anos.

Houve duas tentativas de apresentar uma resolução para conseguir trazer alguma paz a esta região e foram rejeitadas. Uma proposta pela Rússia, mas com votos contra dos Estados Unidos e da Grã Bretanha, além de outros Estados também."

Quanto à União Euroeia, Mónica Dias diz que “aqui também não vai ser possível chegar a um acordo, ou melhor, conseguimos talvez chegar a um consenso”.

“Geralmente consegue-se chegar a um consenso se houver uma habilidade muito grande dos diplomatas que lá se encontram, tenho essa esperança. No entanto, temos que entender uma coisa, Estados como por exemplo a Alemanha nunca iriam tomar uma decisão que fosse contra a opinião neste momento ferida de Israel”.

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