Acidente no Elevador da Glória

Elevador da Glória: Moedas recusa "especular", mas admite que "decisão há seis anos pode ter tido impacto"

Há seis anos que o cabo que liga as cabines do Elevador da Glória deixou de ser 100% de aço e passou a ter fibras e plástico, mas a forma como era amarrado não foi alterada. Vários especialistas do Instituto Superior Técnico dizem que isso poderá ter contribuído para o acidente que matou 16 pessoas.

Rita de Sousa

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse esta sexta-feira, que "não vai especular" sobre os novos dados que mostram que uma mudança do tipo de cabo que suportava o Elevador da Glória pode estar na origem do descarrilamento que matou 16 pessoas.

A revelação foi feita pelo jornal Expresso, esta sexta-feira, com base em declarações de especialistas do Instituto Superior Técnico (IST). O antigo cabo, trocado há seis anos, era totalmente de aço e foi substituído por um novo com núcleo de fibra. Apesar da mudança, o material de fixação do elevador manteve-se e é aqui que pode estar o problema.

Questionado sobre o assunto, Carlos Moedas disse aos jornalistas, "ter sido o primeiro a abrir uma investigação externa" que está a decorrer neste momento.

"Os dados que me apresentam, os dados novos que ficámos a saber, têm a ver com uma mudança de um cabo há seis anos. E portanto isso mostra a importância da investigação, porque ela tem de ver a linha do tempo (…), e por isso eu não vou especular sobre essa informação, houve muitas informações que vieram ao público e depois foram verificadas."

"Estas decisões que são tomadas têm depois influência no futuro. O que nós estamos a ver aqui é que há uma decisão há seis anos pode ter tido um impacto, mas nós não sabemos, eu não quero especular e não vou especular", acrescentou.

"Não quer conclusões precipitadas"

Por isso, frisa o presidente da câmara,"temos que ter a inspeção, temos que ter a investigação e depois disso retirarmos conclusões", dizendo que "não quer conclusões precipitadas".

"É muito importante continuar a investigar. Há uma coisa que eu prometo aos lisboetas, vamos investigar até à última consequência."

O chefe da autarquia disse, ainda, que a atual direção da Carris irá responder às perguntas sobre a mudança do cabo. "Obviamente que virá aqui responder a todas as perguntas, mas isto é anterior a esta direção e a esta administração".

Moedas enaltece resposta da Polícia Municipal

Carlos Moedas está esta sexta-feira a participar na cerimónia que assinala os 134 anos da Polícia Municipal de Lisboa. O presidente da Câmara de Lisboa enalteceu a resposta dada pela Polícia Municipal ao acidente.

"É o dia de valorizar a vossa entrega. Porque ser polícia municipal é entregar-se ao perigo. Foi isto que eu vi a semana passada, no trágico acidente do Ascensor da Glória. Vi que em poucos minutos a Polícia Municipal já estava no local, vi os agentes da Polícia Municipal ao lado dos bombeiros, da Proteção Civil, dos médicos", disse o autarca.

Segundo Carlos Moedas, foi "graças às forças de segurança de Lisboa" que se conseguiram salvar vidas. "Estive em todos os lugares em que um presidente de Câmara podia ter estado. Fiz tudo o estava ao meu alcance. Lisboa respondeu com liderança, coordenação. Por isso sei que nunca será possível agradecer-vos o suficiente. O país inteiro viu que foram autênticos heróis", reconheceu.

O social-democrata sublinhou também a importância de valorizar a polícia "nos momentos em que ninguém vê" e lembrou que tem defendido mudanças legislativas para que esta força possa ter mais competências e efetuar detenções de suspeitos.

"E é por isso que tenho insistido, sem descanso, junto do Governo: Lisboa precisa de mais polícia municipal, de mais videovigilância, de guardas-noturnos. É a segurança da cidade que está em causa", frisou o autarca, que se recandidata nas eleições de outubro.

O elevador da Glória, sob gestão da Carris (sob a tutela do município), descarrilou no dia 3 de setembro num acidente que provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades, e que está a ser investigado.

- Com Lusa

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