Guerra no Médio Oriente

Governo palestiniano pede ajuda internacional face a operação israelita na Cisjordânia

Governo da Autoridade Nacional Palestiniana diz que comunidade internacional deve agir para proteger a população local da "brutalidade da ocupação".

Majdi Mohammed/AP

Lusa

O Governo palestiniano reclamou esta sexta-feira uma "intervenção internacional eficaz" face às ações do Exército israelita em Tulkarem, após as últimas e operações militares de grande escala nesta cidade da Cisjordânia.

Num comunicado divulgado na rede social X, o Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano sublinha que em Tulkarem terão sido detidas centenas de pessoas desde quinta-feira, em resposta a um ataque com uma bomba contra um veículo militar de Israel nos arredores desta cidade da Cisjordânia.

No comunicado, o Governo da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) defende que a comunidade internacional deve agir para proteger a população local da "brutalidade da ocupação", que impõe "um castigo coletivo a civis indefesos".

O Governo palestiniano acusou ainda as forças israelitas de realizarem "abusos, rusgas, demolições de casas e de intensificarem os colonatos" na região de Tulkarem e noutras zonas da Cisjordânia.

Nesse sentido, sublinhou que Israel "procura agravar a situação na Cisjordânia e criar um estado de caos que sirva de base para a aplicação dos seus projetos de anexação, expansão e deslocação".

"A inação internacional encoraja o Governo extremista de ocupação a insistir nas suas medidas unilaterais ilegais", lamentou, acrescentando ser "necessário traduzir o consenso internacional em medidas práticas para travar a agressão e os crimes da ocupação e impor um verdadeiro caminho político" com vista à concretização da solução de dois Estados.

Mais de mil detidos desde quinta-feira

O governador de Tulkarem, Abdala Kamil, elevou para mais de mil o número de detidos desde quinta-feira, segundo o jornal palestiniano Filastin. 

O Exército israelita não avançou, até ao momento, com um balanço oficial de detenções, mas vários vídeos divulgados nas redes sociais mostram dezenas de palestinianos em fila, escoltados por soldados após terem sido detidos na cidade.

Na quinta-feira, o Exército israelita confirmou que dois soldados ficaram feridos devido à explosão de um engenho explosivo artesanal à passagem de um veículo blindado nos arredores de Tulkarem - ataque reivindicado pelos braços armados do Hamas e da Jihad Islâmica - e anunciou a imposição de "um cerco em torno da cidade" para procurar suspeitos.

A Cisjordânia e Jerusalém Oriental têm sido palco de um aumento das operações israelitas desde os ataques de 7 de outubro de 2023 do movimento islamita, que causaram cerca de 1.200 mortos e perto de 250 pessoas sequestradas, segundo as autoridades israelitas, embora já nos primeiros nove meses desse ano se tenham registado números recorde de mortos nestes territórios.

A represália israelita já provocou quase 65 mil mortos palestinianos, na maioria civis.

A este cenário soma-se a expansão dos colonatos por parte do Governo israelita e até apelos, vindos do próprio executivo, a favor da anexação da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, o que tem suscitado uma vaga de condenações por parte da comunidade internacional, que reitera o seu apoio à solução de dois Estados.

 

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