É humano sentir a desumanidade de algumas palavras face a circunstâncias que, em boa verdade, raramente justificam escrutínio tão desmedido. E é normal que a primeira reação seja demasiado intempestiva ou emocional.
No entanto, diz-me a experiência - não se esqueçam, fui árbitro e agora comento arbitragem - que o mais sensato é conter o impulso, respirar fundo e perceber se o ataque justifica ou não resposta. Regra geral, ignorar é a atitude mais prudente. Mas quando inevitável, a reação deve ser elevada, deve ter classe e elegância. Essa é a única forma eficaz de diferenciar quem ataca de quem é atacado.
Não é fácil, eu sei, mas tem duas grandes vantagens: deixa o lado que magoa a falar sozinho e não potencia contra-ataques ainda mais corrosivos.
Convém lembrar que esta gente não quer diálogos nem explicações, quer gasolina para atear mais e mais fogos. É isso e só isso que os move.
O artigo de hoje é por isso dedicado a todos aqueles que, por uma razão ou por outra, são alvo recorrente de injúrias, rumores, ironias, mêmes ofensivos ou ameaças nas redes sociais (e não só).
Primeira sugestão: calma. Muita calma
Mantenham a compostura e procurem que o folclore não vos afete emocionalmente. Protejam quem amam, impedindo que sofram as vossas dores. Vedem o lado pessoal. Sejam o tampão que impede que a vossa casa seja desestabilizada por meia dúzia de desocupados mal formados sem pinga de caráter.
Igualmente importante: nunca retribuam na mesma moeda, com o mesmo tipo de discurso ou linguagem. É como dar ouro a bandidos. É isso que alimenta esses candidatos a terroristas. É isso que os motiva a perseguir o caminho da maldade, sarcasmo e bota-abaixo.
Outra dica, se me permitem: nunca pessoalizem
Evitem que tudo o que leem ou ouçam afete a vossa confiança e autoestima. Não é fácil, mas é uma aprendizagem. Não se esqueçam que quem se dá ao trabalho de destratar alguém de forma tão gratuita e ordinária, não tem calibre ético. Não tem educação nem respeito. Tudo o que dizem e fazem dirá sempre mais deles do que de vocês. Deixem que a coisa se mantenha assim.
Naturalmente que se a situação tomar proporções dantescas ou prolongar-se no tempo, é importante procurar ajuda. Falem com alguém que vos ensine a ultrapassar o momento difícil e, sobretudo, com as autoridades se o momento o justificar. A impunidade de (que acham) que gozam termina quando percebem que a punição bate à porta.
De resto, tentem focar nos aspetos positivos. Desvalorizem a negatividade que vos rodeia e lembrem-se do que já conquistaram e do mundo de gente que vos valoriza, admira e acarinha.
Mesmo que tenham errado ou quebrado expetativas, mesmo que tenham que responder por más opções, não são obrigados a aceitar que o mundo vos trate como cães.
O mundo não tem moral para vos dar lições de moral.
A falta de empatia é uma das desgraças maiores das sociedades atuais.